O TÁXI
Para fazer a cobertura da 43.ª Copa Mundial Qubica AMF fiquei na Rússia, em São Petersburgo, de 1 a 11 de novembro de 2007. Era início do inverno, com a temperatura variando de 1 a -4 graus, e nevando na metade da minha estada entre os russos.

Certo dia, tive que ficar até mais tarde na sala de imprensa do boliche e perdi o último onibus da organização para voltar ao hotel. Tive, então, que solicitar ajuda de uma funcionária do boliche para chamar um rádio táxi.

Apesar da dificuldade do diálogo, devido ao meu inglês básico e ao dela primitivo, conseguimos nos entender. Ela disse que o táxi estava a caminho e, em vinte minutos, deveria ir para a entrada do shopping aguardá-lo.

Passados os vinte minutos fui até a entrada e lá esperei um pouco, sob um nevasca intensa. Já era bem tarde, quase meia-noite, e a iluminação estava reduzida. Apenas um vigilante andava pela calçada, fazendo a ronda obrigatória. Era um russo enorme, agasalhado dos pés à cabeça.

Depois de algum tempo arrisquei perguntar pra esse vigia sobre o meu táxi. Aproximei-me do gigante e iniciei um tosco diálogo com o tal “Pajalsta?”, “por favor?” em russo. E completei com um “táksi?” e gestos apontando a rua. Ele respondeu com cinco ou seis frases das quais não tenho a menor idéia sobre o que ele queria dizer.

Não adiantou nada.

Voltei para o boliche e procurei a funcionária gentil que havia chamado o táxi pra mim. Ela ligou pro motorista que confirmou estar à minha espera na entrada do shopping. Então ela completou: é um táxi preto … placa 666, está à direita da saída.

Preto? 666? Agradeci, “spassiba!”, engolindo seco.

Segui as instruções: sai e virei à direita. Porém ficou parecendo que havia atravessado uma parede dimensional, pois a paisagem era muito diferente daquele lado, árvores desnudas pelo intenso frio, neve e névoa, luzes fracas, silêncio esquisito, só quebrado, pareceu, por um uivo sei lá de qual animal. Ou seria uma sirene? Ou um alarme? Ou um lobo?

Medo.

Ouvi um assobio … era o vigia do shopping, que apontava para a rua e dizia “táksi! táksi!”. Olhei para a direção indicada e vi um carro preto, estacionado do outro lado da rua, com a placa enigmática: 666.

Conforme ia em direção ao táxi senti um calafrio percorrer minha espinha. Seria o frio inédito para mim? Acho que não era isso. Era outra coisa.

O veículo, um Mercedes antigo, estava com o motor ligado, então a neve que caia sobre o capô logo se transformava em vapor, montando um quadro mais inquietante ainda. Não consegui ver o interior do táxi.

Entrei e sentei no banco traseiro. O motorista com imensas olheiras e mais branco que a neve que caia lá fora, olhou pra mim e disse algo ininteligível, mostrei o cartão do hotel. Ele balançou a cabeça afirmativamente.

Medo.

O rádio estava ligado, a música tinha uma sonoridade estranha. Havia um cheiro forte no ar. A calefação, imaginei. Ou seria enxofre? O curioso é que, em nenhum momento, consegui ver o reflexo do motorista no espelho retrovisor. Acho que é o ângulo, pensei. Ou não?

Eu não tinha referências do caminho, porque sempre voltava conversando distraidamente no ônibus. Fiquei encolhido no canto do banco traseiro, bem próximo à porta. Por mais que procurasse não consegui encontrar a maçaneta.

O trajeto entre o boliche e o hotel era curto, mas a viagem parecia interminável.

Medo.

Enfim, chegamos. Quando puxei o dinheiro para pagar, o motorista deu um único e rápido sorriso. Foi o suficiente para eu perceber que os dois caninos dele eram maiores que o normal.

Paguei os 380 rublos e a porta se abriu automaticamente. Sai intrigado. Que viagem mais esquisita. Ao menos custou a metade que os taxistas “oficiais” do hotel cobravam.

Alívio. Oba!

6 thoughts on “HISTÓRIAS DA RÚSSIA (1)

  1. i did not know about this history brooo!!! haha Falo do Rafael neh, medo do taxista russo de te levar pra uma das construções mais velhas que o Titanic e fazer alguma coisa com vc neh….Valeu Birão, abraço cara.

  2. É campeão … viu os apuros que passei por ficar esperando você e a Roseli, para fazer o tal conserto na bola do míssil?
    Queria ver você sozinho com esse vampiro russo, disfarçado de taxista … kkk

  3. hahahaha…
    Q historinha é essa Bira…
    Pior q vc nem aprendeu a falar Vampiro em Russo…nem consegueria pedir um HEEELLLPPPP!!!…..kkkk
    Se bem q sangue vc tem de monte néh….kkkk….ou era só dizer q vc tem o vírus da AIDS pq vc é homosexual e tal…acho q ele acreditaria…rs

    Abraços

  4. Mauro
    Essa desculpa não ia colar porque o cara podia dizer que era imune, ou que também fosse portador … e aí?
    Tudo está bem quando acaba bem. Estou em casa são e salvo, sem os dois furinhos no pescoço … rs

  5. Biróviski.. soh uma cooisa.. aiushaishaishiahsiahsiuahsi
    qdo vc começou a contar essa história no planet… não imaginei q poderia ser o começo de um filme de terror.. aiushaihsiuahsiuas
    Mas pra falar bem a verdade tava mais pra Todo Mundo em Pânico.. heheheh
    Sensacional!!!
    Grande bjo!

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