(por José Luiz Veiga)

Os bastidores do Campeonato Brasileiro
de Seleções 2003

Para Jack, Bira, Décio e demais aficionados pelo boliche
("Necessito da paciência de vocês para lerem esta carta.")

Tendo visitado a página do Boliche Online na Internet verifiquei que vocês fizeram certos comentários sobre a CBBOL e principalmente para o desastroso Campeonato Brasileiro de Seleções realizado em dezembro de 2003 no Planet Bowling São Paulo.

Antes de tudo quero que saibam que concordo com vocês em quase a totalidade do que escrevem, porém penso que todos deveriam saber realmente das verdades sobre aquele evento e de nosso esporte em todo o Brasil. Vou dizer coisas aqui que talvez alguns figurões que se dizem protetores de nosso esporte, porém só o destroem, queiram me processar, no entanto estou tranqüilo sobre o que vou escrever e também aceito qualquer processo, pois provo tudo que vou dizer.

É sobre o que li aqui nas páginas do site Boliche Online. A primeira manifestação veio do amigo Jack Sampaio do Distrito Federal, depois a do Bira Teodoro de São Paulo e agora a do Décio Abreu de Minas Gerais.

Para o meu amigo Jack quero dizer que realmente o condicionamento feito no Campeonato Brasileiro de Seleções de 2003 foi um desastre, porém, como já critiquei particularmente o Presidente da CBBOL, Sr. César Maciel, cobrei dele a veracidade do artigo do Jack e que ele deveria esclarecer a todos o que realmente aconteceu, porém creio que o Sr. César Maciel prefere receber todas as reclamações ao invés de ele mesmo dar satisfações aos atletas e Presidentes em todo o Brasil.

Como todos sabem o Campeonato Brasileiro de Seleções de 2003 em Assembléia realizada no mesmo Campeonato em 2002, Santo André – São Paulo, quando foi feito o calendário de 2003, ficou acertado de que o referido evento em 2003 seria realizado na cidade de Brasília – DF em dezembro de 2003.

A Federação do Rio de Janeiro no início de 2003 solicitou verbalmente ao Presidente da CBBOL que a cidade do Rio de Janeiro fosse escalada como segunda opção para realização daquele evento caso a Federação de Boliche do Distrito Federal não tivesse condições de sediar o evento.

Soube através de diretores da FBDF que a Taça Brasília de 2003 fora realizada com um esforço sobrenatural da FBDF, pois o boliche de Brasília estaria se negando a permitir a realização do evento, com custo de pistas muito elevado, porém a Taça foi realizada com o custo tradicional cobrado em todas as Taças e com o maior esforço de toda a diretoria da FPDF.

Em setembro de 2003 a Presidência da CBBOL me informou que o Campeonato Brasileiro de Seleções de 2003 estaria quase que impossibilitado de se realizar em Brasília pelos mesmos problemas que a FBDF teve para realizar a Taça Brasília e o custo de pistas para o evento que deveria ser realizado naquela cidade em dezembro de 2003 seria muito alto obrigando a CBBOL a aumentar a taxa de participação dos atletas no evento e também não havia a boa vontade dos proprietários do Boliche em realizar tal evento, em função disso a Diretoria da FBDF se viu obrigada a abrir mão de seu direito de realizar o evento naquela cidade, não por determinação de sua Diretoria, mas em função das dificuldades criadas pelo boliche em questão.

Então, coube à Presidência da CBBOL a decisão de oferecer às demais Federações filiadas o direito de realizar o Campeonato Brasileiro de Seleções de 2003.

Foi então passado um comunicado a todas as Federações com prazo de resposta sobre a intenção ou não de realizarem aquele evento em suas cidades. Soube pelo Sr. Presidente da CBBOL que apenas duas Federações se candidataram a sediar aquele evento: as Federações do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Em São Paulo todos sabem que temos mais boliches e também o único boliche em tamanho que pudesse receber tal evento em competição que, segundo a vontade dos Presidentes das Federações filiadas, deveria ser realizado em quatro dias e com a presença de todos os inscritos. O Campeonato Brasileiro de Seleções de 2002 foi realizado também em São Paulo com cerca de 190 participantes, porém foram usados dois boliches de 24 pistas, ou seja, em Santo André –SP foi realizada a Taça Brasil de Seleções e o Campeonato Brasileiro de Seleções e em São Paulo no boliche Center Norte (atualmente Dragon Bowling) foram realizadas as demais competições do evento que também abrange a Taça Brasil de Tercetos.

É claro que para ser realizado no Rio de Janeiro com um boliche de 20 pistas, recém reformado e em perfeitas condições técnicas o Campeonato deveria ser realizado em duas etapas de quatro dias de competição visto que em dois turnos só seria possível colocar o máximo de 120 pessoas e como a cidade do Rio de Janeiro ficou somente com um único boliche, a realização do evento naquela Cidade deveria ser na forma de uma semana o que não agradaria as Federações, pois veja como exemplo as Federações do Mato Grosso do Sul e Minas Gerais vieram a São Paulo com ônibus fretado trazendo seus atletas para disputarem as competições em uma única data o que agradaria a todos. Soube que a proposta da FBRJ oferecia o boliche da Barra em perfeitas condições técnicas, porém não poderia realizar o evento em apenas quatro dias e o custo de aluguel das pistas era um pouco mais elevado que São Paulo, porém a FBRJ estava bancando uma parte desse valor para que o custo do evento na parte de pistas não fosse tão alto.

A FPBOL enviou ofício para a CBBOL oferecendo o evento em São Paulo com o custo de pistas mais barato, se oferecia para ajudar na realização do evento dando apoio à organização do evento inclusive pagando parte dos custos da organização, ofereceu hotel a baixo custo com translado de ônibus hotel-boliche, inclusive ajuda na festa de abertura do evento na comemoração dos 10 anos de CBBOL e do Planet Bowling. Em função de todas essas ofertas e também porque o evento poderia ser realizado em uma única data, a CBBOL resolveu aceitar a proposta da FPBOL e comunicou a realização do evento na cidade de São Paulo nas datas de 4 a 7 de dezembro de 2003.

Se verificarem o site da FPBOL irão observar que no dia 30 de outubro de 2003 a FPBOL colocou no ar a decisão da CBBOL sobre a realização do evento em São Paulo inclusive o comunicado da CBBOL sobre o evento datado de 24 de outubro de 2003 onde ela se prontificava a colaborar em todos os sentidos no evento inclusive ficando por conta dela a parte técnica do evento.

Fui contratado pela Presidência da CBBOL para realizar o evento profissionalmente e então fui ao Planet Bowling conversar com o proprietário do mesmo, o Sr. Peter, sobre o evento e as necessidades para a realização do mesmo, tanto na parte de minha organização, uso das pistas e também a parte técnica onde o mesmo me informou que seria usada a máquina "Kegel" com a supervisão da FPBOL. Perguntei se viria alguém do Paraná, lembrando que a FPrB é a proprietária da máquina e sempre que é usada em algum lugar ela envia técnicos de sua confiança para usarem a máquina "Kegel". O Sr. Peter me disse que o Presidente da FPBOL estava contratando os serviços dos próprios funcionários do Planet Bowling para efetuarem a passagem de gel. Fiquei apreensivo, porém como essa parte não me compete conlui que isso já estaria certo entre a FPBOL e a Diretoria Técnica da CBBOL.

Solicitei então ao Sr. Peter as pistas de acordo com mapa por mim montado em função dos atletas que deveriam participar do evento que deveriam ser perto de 240 atletas. Mostrei a ele então o mapa provisório do evento e a necessidade de uso das pistas onde solicitei usar pistas à noite nos dias 4 e 5 em função dos participantes da Taça Brasil de Tercetos serem na sua grande maioria de São Paulo e precisarem jogar a noite as 20h quinta e sexta-feira.

Fui atendido pelo Sr. Peter, porém eu deveria ter o cuidado de no dia 5 de dezembro sexta-feira usar o boliche no segundo turno (para o juvenil) de forma que terminasse por volta das 19h, pois o boliche no andar térreo estava alugado para um evento particular em suas 24 pistas. Em função disso combinei com ele que o horário divulgado para início do primeiro turno que seria quinta e sexta as 11h, na sexta-feira em função de sua solicitação iríamos começar o primeiro turno às 10h.

Dessa forma o juvenil poderia começar o jogar por volta das 15h30min e terminaria por volta das 19h o turno sem atrapalhar o combinado. Lembrando que a Taça Brasil de Tercetos jogaria no andar superior as 20h sem qualquer problema de horário, pois o primeiro turno terminando as 15h na sexta-feira haveria tempo hábil o suficiente para o início do segundo turno, como aconteceu na primeira rodada do evento na quinta-feira, dia 4 de dezembro.

Tudo acertado com o Sr. Peter liguei ao Sr. Presidente da CBBOL no dia seguinte comunicando o que eu tinha combinado e enviei ao mesmo e ao Sr. Marco Aurélio, secretário da CBBOL, o quanto de previsão de uso das pistas que eu tinha acertado com o boliche. Comuniquei ao Sr. César a necessidade de começarmos na sexta-feira o primeiro turno as 10h para evitar atraso no segundo turno daquela rodada. Deveria ele, então, comunicar-se com o Presidente da FPBOL para que o mesmo alterasse o horário do ônibus que iria apanhar atletas no hotel para ir ao boliche, e isso somente na sexta-feira para que evitássemos atrapalhar o evento particular que ia ser realizado no boliche naquele dia.

Avisei ao Sr. Presidente da CBBOL no dia 30 de novembro com a devida antecedência para que fosse acertado o horário do ônibus no dia 5.

Depois o Sr. César Maciel me avisou ter conversado com o Presidente da FPBOL sobre essa solicitação, porém o mesmo avisou a CBBOL que seria impossível fazer a mudança de horários, pois já havia contratado o ônibus e não poderia haver mudanças. Achei estranho pois se o ônibus estava à disposição do evento e sendo avisado com 5 dias de antecedência, não vi qualquer problema para que o horário fosse mudado, porém o Sr. Presidente da FPBOL foi irredutível e não aceitou mudar o horário do segundo dia de competição.

O engraçado é que, durante a realização do evento, conversando com o Sr. Paulo Martins, pessoa que já conhecemos por cuidar da parte hoteleira em São Paulo e que havia acertado essa parte com a FPBOL para aquele evento, disse-me que não haveria problema algum em mudar o horário desde que fosse comunicado a ele pelo menos dois dias antes do evento. É bom lembrar que isso foi solicitado no dia 30 de novembro por mim a CBBOL e no dia seguinte da CBBOL para a FPBOL.

Deixo a vocês a interpretação sobre se houve ou não má vontade do dirigente paulista .

No mesmo dia 30, conversando com o Presidente da CBBOL comuniquei a ele o meu temor em usarem a máquina "Kegel" para o evento, sendo que a mesma tinha sido usada no Campeonato Brasileiro Individual (julho de 2002) e tinha tido problemas técnicos e agora, seis meses depois daquele evento, a máquina deveria estar em piores condições, visto a própria FPBOL em um evento no segundo semestre, tendo usado a referida máquina na primeira rodada de um de seus eventos internos, vendo que a mesma estava sem condições de perfeito condicionamento trouxe, inclusive, máquina de óleo de outro boliche para o Planet para que fosse passado óleo.

Essa máquina "Kegel" quando veio para o Brasil, o então Presidente da CBBOL, Sr. Marco Aurélio Tavares Arêas, ligou pra mim perguntando sobre o que eu achava sobre trazer ou não a referida máquina. Disse a ele que seria uma maravilha podermos usar máquina tão moderna, porém gostaria de saber quem “viria” com a máquina, pois será que teríamos pessoas aptas a usá-la corretamente?

Segundo me lembro essa máquina só foi elogiada em eventos onde foram usados programas já inseridos na mesma quando de sua aquisição pela própria fábrica. Os eventos em que foram usados programas inventados aqui no Brasil só tivemos reclamações. Não quero tirar o mérito e boa vontade de quem tentou fazer esses programas e usar corretamente a máquina, porém ficou claro que a mesma não estava sendo usada como devia.

Voltando ao Campeonato Brasileiro de Seleções, o Presidente da CBBOL afirmou a mim que a máquina, segundo o Presidente da FPBOL, estaria em perfeitas condições e haveria pessoas aptas a usá-la sem problemas. Vocês mesmos viram durante o evento que o condicionamento e manutenção das pistas foi um fracasso. Inclusive, no segundo dia, os atletas da Taça Brasil de Seleções quase não participaram do evento, pois eram nítidas as manchas enormes de óleo nas pistas e no approach. Eu tive que ir ajudar a limpar melhor, pois estava um desastre o modo em que as pistas estavam condicionadas, qualquer um podia ver que a máquina estava com sérios problemas.

É bom lembrar que nesse fatídico dia tudo de ruim aconteceu no evento, pois em virtude da má condição em que se encontrava as pistas houve atraso no início do evento o que provocou um verdadeiro tumulto, pois eu tinha que fazer um segundo turno com os juvenis nessas pistas o mais rápido possível para não atrasar o evento da casa que já havia sido comunicado anteriormente.

Para que não tivéssemos atritos maiores com a casa, solicitei à Presidência da CBBOL para realizar aquela etapa do juvenil com dois atletas por pista, pois dessa forma eu poderia terminar mais rápido e entregar as pistas daquele turno dentro do horário aproximado que havia sido combinado com a casa. Exatamente as 16h teríamos as 10 pistas prontas para realizarmos a rodada do juvenil, precisando apenas serem condicionadas, o que deveria levar em torno de 30 minutos e, dessa forma, terminaríamos o turno no horário previsto. Vi que a máquina "Kegel" estava preparada para iniciar o condicionamento, porém ela ficou parada um bom tempo sem ninguém mexendo nela, fui então em busca do Presidente da CBBOL que me disse estar resolvendo o impasse, ele estava em reunião com o Diretor Técnico da CBBOL e o atleta New Yasuoka, todos decidindo o que fazer sobre a passagem de óleo para o juvenil. Desci novamente e vi que a máquina de óleo do Planet estava começando a passar óleo normal nas mesmas pistas, fiquei abismado e fui diretamente ao Sr. Peter para saber o que estava acontecendo e soube dele que o Presidente da CBBOL e o da FPBOL haviam pedido a ele para passar óleo com a máquina do Planet, visto a máquina "Kegel" estar com defeito. Achei muito estranho, pois se os atletas que jogaram o primeiro turno tiveram que jogar naquelas condições, deduzi que os demais turnos seriam da mesma forma e que se houvesse alguma mudança técnica imaginei que seria feita no dia seguinte. Já eram 18h30min e ainda não haviam decidido sobre o que fazer. Os juvenis estavam em suas pistas aguardando desde as 16h o início de seu turno. Fui novamente aos responsáveis e perguntei o que iriam decidir, pois o tempo estava passando e não haveria condições de realizar aquele turno conforme o combinado com o boliche . Fiquei sabendo então que o Sr. Peter em função da demora na decisão da CBBOL e FPBOL sobre a máquina "Kegel" ou a de óleo , resolveu o mesmo que o turno não mais se realizaria nas pistas do andar térreo como havia sido programado e sim nas pistas do andar superior, pois não havia mais tempo para realizar o turno sem atrapalhar o seu evento particular.

Foi convocada uma reunião com representantes das Federações, reunião essa que foi realizada na sala em que eu estava trabalhando e, como é costume, só havia ofensas e reclamações dos participantes junto a CBBOL sobre o que estava ocorrendo no Campeonato.

Foi decidido então que o turno dos juvenis seria realizado nas pistas do andar superior, onde em aproximadamente uma hora seria iniciado o turno noturno da Taça Brasil de Tercetos. Por mais que eu tenha reclamado sobre o que iria acontecer naquela noite, fui obrigado a acatar a determinação da Diretoria Técnica da CBBOL em colocar um atleta juvenil por pista, para que os mesmos jogassem suas seis partidas daquela rodada e que os atletas da Taça Brasil de Tercetos seriam compreensivos e aguardariam um pouco para jogar suas partidas daquele dia.

O resultado disso foi que os juvenis terminaram suas partidas por volta das 22h e o turno da Taça Brasil de Tercetos marcado para inicio as 20h teve seu inicio as 22h30min e terminou depois das 3h do dia seguinte, com mil reclamações dos seus participantes, e com todo o direito, pois aquilo era uma competição e não uma maratona. Houve um desrespeito total para com os atletas juvenis e para com os participantes da Taça Brasil, lembrando que os mesmos pagaram as mesmas taxas que os demais para participarem do evento.

Nunca em minha vida tinha visto um total descaso para com os atletas.

Lembro-me que durante a reunião que transcorreu na sala na qual eu estava trabalhando, em determinado momento a Sra. Cristina Muelas, Diretora Financeira da Federação de Boliche do Rio de Janeiro, tomou a palavra e simplesmente fez o seguinte comentário: “o Campeonato Brasileiro de Seleções de 2003 foi colocado em leilão”, o que é uma grande verdade, pois se a FPBOL que solicitou a realização do evento em seus domínios, deveria ao menos honrar o que havia acertado com a CBBOL para trazer o evento para São Paulo.

Verifiquem no site da FPBOL os ofícios da mesma datado de 30 de outubro comunicando aos atletas os “seus esforços” para trazer o evento para São Paulo e vejam, também, o ofício da CBBOL, no mesmo site, datado de 24 de outubro com as exigências da CBBOL junto a FPBOL, acertadas entre os dois Presidentes para que o evento fosse realizado em São Paulo.

Quem participou do evento verificou que a FPBOL não cumpriu quase nada do que havia oferecido para que o evento fosse realizado em São Paulo.

Só gostaria de fazer um comentário sobre o preço da pista cobrado pelo Planet Bowling para o evento, no valor de R$ 80,00 por atleta, valor esse que o Presidente da FPBOL alega ter lutado muito para conseguir. Esclareço a vocês que em setembro o Sr. Peter ligou para mim e disse que se o evento fosse realizado em São Paulo faria um preço bem especial para aquele Campeonato, inclusive para comemorarmos os 10 anos do Planet Bowling e da CBBOL. Nesta época eu disse a ele que deveria ser algo em torno de R$ 80,00 por atleta, para que a CBBOL tivesse um argumento a mais para que o evento fosse realizado em São Paulo.

Viu-se então que não houve nada de extraordinário por parte da FPBOL para conseguir um preço de pistas mais barato.

Tenho certeza que se esse evento fosse realizado no Rio de Janeiro, pelo menos a parte técnica não seria tão horrível como o foi em São Paulo

Ficou acertado nessa reunião do dia 5 de dezembro que haveria uma fiscalização por parte da FPBOL na passagem de gel e limpeza das pistas. Como chego sempre cedo ao boliche, constatei no dia seguinte, as 7h que o Sr. Geraldo Couto da FPBOL chegou junto com o Sr. New Yasuoka para verificarem se a passagem e limpeza estavam corretas. Pergunto: se havia a obrigação da FPBOL em verificar esses itens desde o início do evento, por que somente no terceiro dia, depois de uma reunião polêmica, a FPBOL resolveu verificar o que ocorria? No terceiro e quarto dias as coisas melhoraram nesse sentido demonstrando que houve falha da FPBOL, e muita, nesse item, um dos principais para a realização do evento.

Penso particularmente que deve ser feita uma passagem de gel com bastante dificuldade para os atletas, porém se houvesse por parte dos responsáveis um boliche limpo e uma máquina que estivesse funcionando bem creio que os atletas não iriam se revoltar tanto. Não sou adepto a fazerem eventos com pistas bastante fáceis, onde os atletas alcançam médias irreais para nossas condições e depois quando vão jogar fora do Brasil e em eventos oficiais raramente fazem médias acima de 200. Por isso deveríamos aprender a jogar com programas de passagem de óleo mais oficiais. Porém, em função do que aconteceu neste evento, sabendo-se que a máquina "Kegel" não estava em condições de uso, deveriam , os responsáveis ter usado a máquina do Planet , mesmo com um programa mais fácil, porém com limpeza e condição de jogo muito melhores que as que foram oferecidas aos atletas, que pagam para jogar e saem desanimados na maioria das vezes, sempre em campeonatos brasileiros, onde ali sim deveria haver o melhor condicionamento para todos.

Não gosto também da forma que uma divisão deva jogar em um determinado andar do Planet Bowling, pois cria sempre um clima desfavorável a quem joga mal. Creio que deveria voltar à forma anterior, onde se jogavam as 24 partidas, porém 12 em cada andar do boliche.

Voltando ao evento, no terceiro dia, cujo primeiro turno começava as 10h, marquei para o turno do juvenil e o da Taça Brasil de Tercetos o início do turno as 16h, onde imaginei que um turno de cinco horas seria mais que suficiente para jogarem seis partidas, além de mais uma hora para passagem de gel, poderíamos começar o turno as 16h, porém só pudemos começar as 17h, pois o primeiro turno onde estava a nata de nossos atletas demorou mais de cinco horas para jogar seis partidas. O que é um absurdo.

Para o quarto dia já prevendo mais atraso marquei o horário do juvenil e o da Taça Brasil de Tercetos para as 17h e mais uma vez houve um absurdo turno de 6h30min para se jogar seis partidas, coisa de cinema, pois nunca na minha vida vi isso numa competição.

Tive o privilégio de jogar competições internacionais oficiais com o mesmo número de atletas por pista e o mesmo número de partidas num turno e nunca se passou de 4h30min. Aqui no Brasil temos que aturar um turno de 6h30min.

Jack, você deve se lembrar que ao término da terceira partida do quarto dia houve um motim comandado pelas Federações de Brasília, Rio Grande do Sul, Mato Grosso dizendo que só entrariam nas pistas quando as demais Federações (Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo) estivessem no quinto “frame” da partida, pois assim, segundo eles, terminariam a referida partida ao mesmo tempo. Outro absurdo termos que ver este tipo de atitude (correta a meu ver) em pleno campeonato brasileiro.

Se tivéssemos árbitros de verdade e fosse possível punir nossos atletas de nível, que acintosamente ficam esperando duas ou três pistas a sua direita e esquerda para fazerem seus arremessos, creio poderíamos modificar esse quadro que nos últimos cinco anos tem sido uma vergonha para o esporte, principalmente neste último dia de competição, sempre do Campeonato Brasileiro de Seleções e o de Clubes onde nossos atletas de ponta abusam do direito de demorarem para fazer seus arremessos.

A CBBOL e os Presidentes das Federações deveriam tomar uma atitude enérgica contra esses atletas que (não sei por que) de propósito demoram muito mais do que o necessário seus arremessos.

Conclusão: o turno da Taça Brasil de Tercetos marcado para iniciar as 17h começou as 18h30. Pensem no futuro como será difícil negociar com os boliches eventos com essa demora em cada turno.

Outro fator que trouxe mais uma vez a revolta da maioria dos participantes do evento foi à negligência por parte da CBBOL em permitir que atletas fumassem durante o evento e principalmente dentro das pistas.

No terceiro dia de competição, no primeiro turno, no andar térreo do Planet onde se jogava a Taça Brasil de Seleções, tentei solicitar a alguns atletas que não fumassem durante o turno e principalmente dentro das pistas, porém recebi deles uma pergunta bem própria: se o árbitro escalado pela CBBOL para aquele turno e naquele andar do boliche podia fumar acintosamente dentro das pistas, por que eles não podiam também?

Só para esclarecer: o árbitro em questão era o Presidente da FPBOL. Inclusive o Presidente da FBRJ viu e quis tomar uma providência junto ao árbitro em questão para que o fato não se repetisse, pois o exemplo vem de cima.

Quanto à bebida alcoólica então nem quero fazer comentários.

Ao término do evento cobrei do Presidente da CBBOL todos esses fatos ocorridos e que deveriam ser bem analisados e num próximo evento não deveriam de forma alguma se repetir.

Quero também, em alguns itens, defender aqui o Presidente da CBBOL nos fatos apontados acima, pois ele não teve a mínima colaboração da Federação local em tudo que se havia acertado para o evento. Inclusive o mesmo me disse que o Presidente da FPBOL havia prometido, por conta da FPBOL, árbitros e auxiliares para o melhor transcorrer do evento, coisa que não se viu em momento algum.

Concordo com vocês que o evento foi uma calamidade para quem participou. Nos próximos eventos da CBBOL ela deveria fazer um encarte com várias obrigações, para ser entregue as Federações que se proponham a realizar o evento em sua sede. Nada mais que o bom condicionamento das pistas durante o evento, com árbitros e auxiliares que façam com que o evento tenha um cunho esportivo e não o de uma brincadeira de mau gosto principalmente para quem paga para jogar.

Se o evento for gratuito para todos concordo então em se fazer certas concessões absurdas na realização e organização do evento.

O Presidente da CBBOL deveria vir a público e informar a toda a coletividade o que ocorreu nesse evento e providenciar para que nos próximos não haja a mesma falta de consideração para com os atletas.

Gostaria de dizer aos Presidentes das Federações ainda filiadas a CBBOL que qualquer evento, tanto da CBBOL quanto suas Taças homologadas, deveriam ser feitas no intuito de receberem em suas sedes atletas de todo o Brasil para um evento de qualidade e congraçamento de todos, e não simplesmente pensarem em arrecadar fundos para suas Federações a custa dos inscritos e também lembrar que quando um evento da CBBOL é realizado em sua sede, os atletas daquela Federação economizam e muito com despesas de viagem e alojamento e refeições etc, pois estão em suas casas e não precisam viajar como os demais.

Houve já por parte da FPBOL através desse seu Presidente o absurdo de querer para sua Federação parte da arrecadação da CBBOL num evento realizado em sua Sede. Nem quero mais comentar esse tipo de atitude que tenho certeza será descartada por qualquer atleta paulista.

Já fiz comentários com vários Presidentes e a CBBOL da minha opinião sobre que as Taças homologadas deveriam ser realizadas a cada dois anos, assim a Federação promotora do evento teria tempo para poder organizar uma Taça de alto nível e quem sabe com custos mais baixos para os participantes, dando tempo hábil às mesmas de procurarem de alguma forma patrocínios para o seu evento.

No calendário atual temos eventos a cada 30 ou 40 dias o que obriga, principalmente nossos atletas de ponta, a participarem de sua maioria sobre risco de ficarem fora das seleções nacionais. É só verificar os custos de um atleta durante um ano, participando das competições, para se ver o quanto dispendioso é nosso esporte.

Creio que muitos de nossos atletas poderiam ajudar a CBBOL no sentido de melhorarmos nossas competições colaborando no cumprimento das regras.

Gostaria de deixar aqui uma pergunta no ar: Por que, quando fui o Diretor de Boliche da CBDT, primeira Confederação a aceitar o boliche como esporte, gestão essa em que tive o ajuda da Sra. Cristina Muelas, Almir Vasconcellos e César Maciel, nenhum atleta em competição realizada por nós fumava ou bebia durante o evento? Será que nós éramos tão poderosos? Ou será que, com um pouco de boa vontade de todos, poderíamos resolver essa questão que envergonha o nosso esporte?

Gostaria de lembrar a todos que quando o Boliche foi reconhecido como esporte, um dos itens principais para isso foi a nossa promessa que os atletas durante o evento não fumariam ou ingeririam bebidas alcoólicas.

Por que essa regra usada por nós junto a CBDT, Confederação Brasileira de Desportos Terrestres, depois que se fundou a CBBOL essa regra deveria ser esquecida? Devemos pensar sério sobre isso.

Espero ter passado a você, meu caro amigo Jack, certas informações sobre o evento que você não sabia e agora que foram relatadas poderá ver com outros olhos o ocorrido e nos ajudar a corrigir esses erros.

Agora vou me reportar ao Bira sobre o seu relato quanto à premiação feita antes do início do Campeonato Brasileiro de Seleções em cerimônia presenciada pelo Ministro dos Esportes: concordo também em sua maioria no que diz em seu comentário sobre quem deveria e quem foi agraciado com o troféu destaque dos 10 anos de CBBOL.

Sem querer defender o Presidente da CBBOL, que adora fazer esse tipo de premiação, buscando valorizar os feitos de vários atletas no decorrer de nossa existência, creio que ele não teve as devidas informações sobre os verdadeiros destaques nessa década de existência da CBBOL, pois o mesmo foi eleito em 1999 e não tinha condições de saber de todos os feitos nesse período de existência da CBBOL. É muito justa a reivindicação sobre prestarmos homenagens aos nossos atletas Marina Suartz e Fran Monteiro pelos seus feitos, principalmente por terem sido realizados fora do Brasil.

Tivemos também outros atletas, caso do Décio através do Boliche Del Rey e o Sr. Adalberto Sacco que nos últimos dois anos tem ajudado a muitos atletas com pagamento de inscrições, material e passagens, principalmente para o Torneio das Américas, que não foram agraciados naquela oportunidade e que poderiam ter sido lembrados, porém, mais uma vez, faltou termos arquivos bem elucidados sobre grandes feitos.

Tive a audácia de conversar com o Presidente da CBBOL e fiz ver que em próxima oportunidade esses atletas em questão deveriam ser agraciados com o referido troféu Destaque 10 anos.

Para o Décio também vai a minha concordância em quase tudo que ele diz em prol do esporte. Como já fiz particularmente em outras datas, em correspondência a ele enviada, agradeci em nome de nosso esporte os esforços que ele faz em Minas Gerais, principalmente no Boliche Del Rey, para conseguir patrocínios para baratear os eventos, inclusive montando escolas e muitas outras coisas que se tivéssemos mais condições seriam muito bem-vindas ao nosso esporte, porém, como ele mesmo cita em seus comentários, precisamos de apoio dos próprios proprietários dos boliches, pois eles são os que mais tem condições de ir a um provável patrocinador e tentar conseguir algo para o evento.

Porém é bom lembrar que até hoje só tivemos ajuda de boliches onde os proprietários jogam boliche. Sei que o Décio conseguiu em determinada época verbas para um Campeonato Brasileiro realizado em Belo Horizonte e, como ele mesmo confirma, o evento para os atletas inscritos teve o mesmo custo. Esses itens deveriam ser bem olhados pela CBBOL para que não se cometa mais injustiças para com os atletas.

Poderíamos tentar conseguir mais ajuda ao nosso esporte, porém é bom lembrar aqueles que acham que é só ir ao patrocinador e sair de lá com a verba solicitada procurem então eles próprios irem ver se conseguem alguma ajuda.

Tivemos algumas exceções de patrocínio em nossos eventos no decorrer dos anos, porém sempre através de atletas cujo trabalho profissional lhes permitiu conseguir alguma ajuda, caso do Walter Costa quando era gerente do Boliche Morumbi em São Paulo, nos campeonatos brasileiros realizados lá em 1982 e 1983. Sobre o Décio já comentei e, nestes dois últimos anos, tivemos apenas o Sr. Adalberto Sacco, na posição de Diretor da CBBOL conseguiu em 2002 realizar em São Paulo uma etapa do Brasileiro de Duplas daquele ano onde os atletas inscritos pagaram apenas o valor do aluguel das pistas, para participar do evento tendo ainda sido agraciados com prêmios no evento. Na Taça Santo André de 2002, o mesmo Sr. Adalberto Sacco conseguiu um patrocínio para a mesma, de forma que os atletas participantes daquele evento pagassem somente o valor referente ao aluguel das pistas. Também nesses dois anos esse referido Diretor da CBBOL conseguiu patrocínios para vários atletas que foram participar do Torneio de Miami e também em 2003 quem participou da Taça Morumbi “Fernando Rezende” teve a grata surpresa de participar de várias premiações, inclusive o sorteio de 10 bolas novas de boliche, doadas para o evento pelos Srs. Adalberto Sacco, Euzébio Santos e Luiz Coelho.

Vemos, portanto, que o que conseguimos até agora foram somente doações através de nossos atletas que gostam demais de nosso esporte para tomarem tais atitudes e, mais uma vez, agradeço em nome de todos os atletas do Brasil essa generosidade.

Temos também o Clair Smaniotto que em sua Federação luta muito para conseguir ajuda ao nosso esporte. Temos a Tininha que no Rio busca junto a Prefeitura local ajuda para sua Federação e outros que em suas Federações, tenho notícias, tem lutado para conseguir ajuda. E isso é muito difícil de se conseguir.

Meu caro Décio, você também comenta que nossos eventos deveriam ter uma passagem de óleo mais seletiva e não aquelas em que se faz 230 de média. Para isso deveria haver por parte da CBBOL e com a máxima colaboração de todas as Federações, uma comissão técnica que realmente entendesse do assunto para que todos os eventos fossem vistoriados com antecedência para evitarmos problemas como neste Campeonato Brasileiro.

Concordo plenamente que a verificação das condições técnicas do boliche onde vai ser realizado o evento deveria ser feita com antecedência e não na véspera como tem sido costume em nossos eventos.

Meus caros amigos, eu já disse muito nesta carta que já está longa demais, porém deveria ser mais longa ainda, para tratar de muitos assuntos pertinentes ao nosso esporte que, neste mês de janeiro comemora 44 anos de existência no Brasil e que já deveria ter base suficiente para ser um esporte de verdade, com a grandeza de outros esportes em nosso País.

Espero que neste ano a CBBOL e todas as Federações se unam para corrigir os nossos graves defeitos, acumulados nesses últimos anos e que possamos respeitar mais nossos atletas, que fazem enormes sacrifícios pessoais para participarem desses eventos nacionais.

Grato pela atenção de vocês.

Abraços

Veiga, José Luiz

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