"Prêmio 10 anos de CBBOL"

Na noite do dia 3 de dezembro, uma quarta-feira, recebi o prêmio “CBBOL 10 ANOS” em nome do site “Boliche Online”, que foi considerado o “veículo de divulgação da década”. Um bonito troféu que fará companhia aos outros prêmios recebidos nesses mais de cinco anos que o site está no ar.

Porém, a sugestiva transparência do troféu não esconde os fatos nem disfarça a real situação do nosso esporte.

Não sei quais os critérios para a escolha dos premiados, mas, no caso particular do Boliche Online, foi uma surpresa que até gerou desconfiança pois, afinal, faz pouco tempo numa reunião entre os dirigentes das federações e a CBBOL foi decidido que nenhum deles iria participar do site, respondendo aos atletas, enviando artigos ou mensagens nas seções “Mural” ou “Fórum”, configurando um boicote oficial que só foi quebrado quando interessava divulgar eventos e atos políticos.

Com relação aos não premiados, faço algumas observações: o Boliche Del Rey de Belo Horizonte foi a sede gratuita para a CBBOL em dois Campeonatos Brasileiros Individuais (1993 e 1994), conseguiu US$ 5,000.00 dos seus patrocinadores para o I Campeonato Sul-Americano de Clubes em 1997, tem escolinha própria de formação de atletas, patrocina vários jogadores, foi o pioneiro em oferecer 35% de desconto aos federados, entre outras iniciativas favoráveis ao desenvolvimento e divulgação do nosso esporte Boliche e sequer foi lembrado como parceiro na festa dos 10 anos da CBBOL. Entre os atletas premiados, faltou o sênior Fran Monteiro, maior ganhador individual brasileiro de medalhas FIQ em um único torneio (2 de ouro e 2 de prata), da mesma forma que a paulista Marina Suartz, única brasileira a fazer uma partida perfeita no exterior, representando o nosso país.

Há muito o que dizer, principalmente levando-se em conta que, apesar de os atletas de boliche pagarem para participar dos eventos, eles não tem voz nem vez na estrutura montada nesses 10 anos de CBBOL. Os dirigentes decidem sobre o que é melhor ou conveniente para eles próprios sem consultar as bases que sustentam nosso esporte, incluindo aí os proprietários de boliche.

São 10 anos de experiências, desmandos e erros graves, frutos da dança das cadeiras entre meia dúzia de pessoas que possuem como trunfo apenas o mérito de terem sido pioneiros.

A história dessa década demonstra que a política adotada e os rumos seguidos estavam errados, conforme provam os números: hoje, passados os festejados dez anos, das 14 federações que compõem a CBBOL, apenas a metade está regular e ativa. A maior (?) dessas federações, a de São Paulo, possuía 12 clubes filiados em março de 2000 e hoje apenas 4 decidem os rumos dos paulistas. Outras federações têm um número mínimo de clubes mal estruturados e abandonados à própria sorte.

Talvez o maior equívoco dos dirigentes seja a subserviência e o eterno "passar o pires" entre as instituições governamentais, em busca verbas e patrocínios estéreis. Não se pode negar a importância do poder olímpico nos esportes, porém alguns outros esportes ignoram solenemente essa condição e exalam uma exuberância e poder financeiro invejáveis.

O golfe, por exemplo, esporte que em alguns aspectos assemelha-se ao boliche, está em franca expansão em nosso país, com investimentos privados milionários. Privados, observem. O golfe, até onde sei, não está nem um pouco preocupado com o fato de não ser esporte olímpico ou não receber investimento governamental. Sabem quem foi o atleta que mais ganhou dinheiro no ano passado? O fenomenal golfista Tiger Woods, que amealhou a bagatela de 100 milhões de dólares ...

Então? Qual o rumo do boliche brasileiro nos próximos dez anos?

Bira Teodoro

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