O que está acontecendo com o Boliche brasileiro?
por Karla Redig

Resolvi escrever esse artigo para ver se conseguimos abrir os olhos dos principais dirigentes do Boliche Brasileiro, e quando digo principais, não estou me referindo somente à CBBOL, mas também a todos os Presidentes de Federação que deveriam estar pensando no boliche como um esporte de alto rendimento.

A primeira reflexão que temos que fazer é o que esperamos do Boliche no Brasil? Queremos que ele seja visto como um esporte que traz resultados ou queremos que ele seja visto como uma forma de recreação. Se for como forma de recreação, estamos no caminho certo. Se for como esporte, está na hora de pararmos e constatarmos que estamos no caminho errado e tentar voltar para o caminho certo.

Em 2005, o Brasil começou uma caminhada que resultou no pódio nos Jogos Pan-americanos de 2007. O então Diretor Técnico da CBBOL, Caco Cruz, decidiu que a nossa única esperança de melhorarmos e tentar uma medalha pan-americana seria ter os nossos campeonatos o mais parecidos possíveis com as condições de jogo que achamos quando viajamos. Com isso, ele resolveu que nos próximos dois anos, todos os Campeonatos seriam jogados em dois tipos de condicionamento. Como a CBBOL não dispunha de máquina de gel, o próprio Caco com o apoio do Paulão, disponibilizou máquina e funcionário para que os nossos atletas pudessem competir com o mesmo nível de dificuldade que encontrariam pela frente.

Essa atitude foi criticada por muitos. Lemos várias mensagens de desaprovação no Mural do Boliche On Line. Supostos Atletas dizendo que esse condicionamento era para poucos e que isso esvaziaria o nosso esporte. Infelizmente estas pessoas, ao invés de estarem preocupadas em melhorar o seu jogo para poderem ser competitivas, preferiram ficar fazendo políticas sem conhecimento.

O Resultado desse esforço do Caco culminou  na nossa Medalha de Prata Pan-americana Masculina e um honroso 4º lugar no Feminino.

O Resultado dessas reclamações  fizeram com que o Caco não disponibilizasse mais a máquina de gel resultando no início do declínio do nosso Boliche-Esporte.

Regredimos muito nos últimos dois anos. Os resultados estão aí para mostrar. Quando voltamos do Sul-americano de Clubes na Bolívia onde fomos (Norte Bowliing Club)  3º Colocados tanto na fase de Equipe quanto no All Events  comentamos a incrível diferença de pinos  no all events  entre nós e as equipes Venezuelanas (1808 para a 1ª colocada e 1581 para a 2ª colocada), àquelas com quem sempre disputávamos frame a frame.

Se compararmos as médias das jogadoras que participaram desse último Pan-americano em Porto Rico com as médias das que jogaram o Pan-americano Feminino em 2008 no Chile, também é assustador. Ao invés de melhorarem, caíram entre 7% e 8% nas suas médias. Fazendo uma comparação simples:

Jogadora

Chile 2008

Porto Rico 2009

Jacque

195,92

183,02

Roseli

198,25

185,10

Roberta

192,17

190,22

Stephanie

193,25

179,19

Dayse/Titila

187,54

173,00

Karla/Léa

179,25

171,05

A única jogadora que manteve foi a Roberta. Será que foi pelo fato dela ter passado 6 meses fora do Brasil respirando e treinando Boliche ?

O nosso resultado no masculino também foi muito pior do que esperávamos. Na fase de equipes, ficamos 685  pinos atrás dos Mexicanos e 484  pinos atrás dos Venezuelanos. Ficamos atrás de times como El Salvador, Guatemala e apenas 91 pinos a frente do quinteto Boliviano, país sem tradição no Esporte. Jogadores de ponta, líderes do nosso ranking, com dificuldade de jogar em dois tipos de condicionamento. Parece inacreditável!

Senhores dirigentes, acho que está na hora de repensarmos o nosso esporte. Agora que estamos contando com uma ajuda do COB, está na hora de crescermos tecnicamente. Essa mudança para “house oil” não trouxe aumento significativo no número de filiados à CBBOL, no entanto trouxe uma diminuição no qualitativo. Se não dá para fazer dois tipos de condicionamento diferentes, por que não jogar cada torneio com um óleo diferente? Um torneio com óleo curto, o próximo longo, outro médio e daí por diante. Volto a afirmar, os Campeonatos Brasileiros têm que ser eventos técnicos e se possível nas mesmas condições que jogamos no Exterior.

E aí, vamos mudar ou vamos continuar nos frustrando cada vez que voltamos de um evento e verificamos o quanto os demais países evoluíram e a gente nem continua na mesma; piora ?!?!

29.09.09
Karla Redig

.

[ ANTERIOR ]   [ ÍNDICE ]  [ PRÓXIMA ]

[ TOPO ]