Jogadores ou atletas?

Realmente nesse X Campeonato Pan-americano Juvenil tinha um número recorde de caras que giravam a bola um absurdo, uns possuíam até mais giro que o Marcelo Suartz ou igual, foi coisa impressionante.

Mas, também, foi um show de belos approachs combinados com o giro, como a seleção do México que tinha três moleques com mais de 20 revoluções na bola e um com umas 17 revoluções, mas que jogavam muito bem. A seleção da Venezuela era também de alto nível.Quanto a mulherada, notava-se approachs excelentes, que era de babar só de olhar, principalmente os times da Colômbia e do México nos quais, para variar, tinham meninas que giravam muito.

De fato, as médias não foram altas porque o condicionamento estava muito seletivo, com duas passagens de óleo (uma com 43 e outra com 33 pés) que não permitiam erro algum, principalmente de velocidade e brake.

Tenho uma visão diferente da do Benê Villa, porque se conversarmos com qualquer atleta ou técnico, nenhum deles disseram que as pistas estavam fáceis e sim que estavam muito complicadas. Não vi nenhum técnico decepcionado com seus atletas porque eles viam que o boliche estava muito seletivo.

Concordo com o Benê que é necessário um bom trabalho de approach, mas o saque é essencial, os dois juntos uma formação perfeita, embora seja necessário muito trabalho para se conseguir isso.

Todos que estavam ali no torneio, são jogadores de boliche e vão procurar sempre estar evoluindo. Agora ter um bom approach e um saque ruim, quando se fala em nível internacional hoje, não é mais suficiente, em relação a saque, penso que hoje o boliche está passando pela fase onde o atleta tem que saber dominar vários tipos de saque, hora virando mais a mão e hora jogando mais pra frente.

Comparando o X Campeonato Pan-Americano com o boliche no Brasil

O problema não está nos atletas e sim na mentalidade dos dirigentes das federações que sempre colocam óleos bloqueados ou aquele relevê básico, dizendo que fazem isso pra trazer mais pessoas, mas nós não precisamos de quantidade de jogadores e sim quantidade de atletas de boliche, que são duas coisas distintas.

O jogador de boliche apenas joga e pronto, sem procurar uma evolução técnica, então, na maioria das vezes, joga por um tempo e depois para. Porém os atletas são aqueles que doam seus feriados, procuram evoluir, investem em material, etc, e é dessa forma que vamos crescer.

Acho que o Walter Costa fez uma colocação bem profunda e verdadeira em um programa de televisão, quando disse que atualmente o Estado de São Paulo possui maior quantidade de jogadores, mas é Minas Gerais quem possui jogadores com mais qualidade. Algumas pessoas discordaram e se revoltaram contra a opinião dele, mas isso é um fato que vem ocorrendo, devido essa mentalidade de se colocar condicionamentos medíocres que se utilizam em todos os torneios em São Paulo, onde todos batem 190 no mínimo de média e acham que são jogadores de boliche, aí jogam um torneio CBBOL onde o óleo é real (Flat), e não conseguem alcançar os mesmos resultados e saem revoltados. Então atuais dirigentes de São Paulo (que são muito competentes)  acordem e trabalhem para mudar essa quadro atual de São Paulo. A CBBOL tem muitos defeitos e coisas questionáveis, mas quanto à passagem de óleo, ela está de PARABÉNS em especial para o Juliano Oliveira (diretor técnico da CBBOL), porque sempre coloca condicionamentos de um alto grau de dificuldade que estão mais perto com os padrões internacionais.

Depois de tudo isso, vem à coisa mais medíocre que existe no boliche, que é esperar um bom resultado de todos atletas que compõe a seleção brasileira em torneios internacionais. É a mesma coisa que colocar um jogador de tênis para jogar toda a vida em quadras de saibro, porém todos os torneios que ele joga no exterior são em quadras rápidas.

Charles Robini

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