VISÃO DE UM ROOKIE*
* (novato)

Num dia qualquer ano 2003 fui ao boliche do Shopping Interlagos para tratar de negócios, quando me deparei com pessoas se divertindo, casais namorando e jogando, crianças chorando porque não conseguiam acertar nenhum pino em 10 jogadas. Fiquei olhando e pensando: "será que consigo?"

No mesmo dia joguei somente 4 horas, pois o negócio não era legal mesmo, pegar a bola e arremessar contra um monte de pinos ao fundo de uma pista.

Joguei com a esquerda, com a direita, arremessei de costas e, em todas as bolas, uma alegria.

A pontuação não foi lá essas coisas, entre 80 e 120, pensei: “nossa como eu joguei bem hoje.”

No dia seguinte me vi sozinho na pista. Foram-se mais duas horas. Só que dessa vez prestei atenção em uma pessoa ao meu lado e vi que ela fez 190 – 210. O nome que estava escrito no monitor era FABIO R.

A seguir, dos sete dias de cada semana, pelo menos em cinco eu estava lá jogando uma hora por dia, contente e tentando cada vez fazer mais pontos.

A Internet ajudava muito, vídeos, apostilas com palavras estranhas Pin-Deck, Kick-Back, Pocket, Hook, Flair, Axis, Approach, Swing, Gutter Shot, Break Point.

O tempo foi passando e eu não passava dos 150-160 pontos.

Depois de três meses de treino, ainda não estava contente com a pontuação.

No inicio de fevereiro deste ano, um amigo me fez um convite: "Vamos ao Sanpa´s? Vou levar minha namorada e queria que você fosse junto, vamos?"

Perguntei o que era Sanpa´s e ele respondeu que é uma casa que tinha uns fliperamas e toto, sinuca e mais algumas coisas que ele não lembrava.

Fomos ao Sanpa´s e, quando chegamos, vi ao fundo umas pistas de boliche. Resolvi jogar, é claro. Neste dia estava acontecendo um campeonato interno e minha reação não poderia ser outra a não ser ficar pasmo assistindo, imaginando um dia estar ali, ao lado daqueles jogadores com pontuações tão altas.

Fui jogar e me senti até mal jogando do jeito errado e com uma bola que não ajudava muito, sem nem ao menos saber algumas coisas básicas, que poderiam ajudar muito. Mesmo assim joguei algumas partidas.

Nos dias seguintes, mesmo morando do outro lado da cidade, continuei freqüentando o boliche quase diariamente, querendo aprender e obter cada vez mais conhecimento.

Aproveitei que fiquei na capital paulista no Carnaval, e quase "morei"  no Sanpa´s nesses dias de folia.

Há duas semanas conheci umas pessoas que jogam a mais tempo que minha existência e, como sou muito tímido, cheguei falando sobre minhas dúvidas, sendo até muito chato, mas valeu a pena, pois foram dicas e bases que me ajudaram a ver o boliche com outros olhos.

Conclui que só vou conseguir aumentar minha media quando realmente tiver aula, material adequado e muito treino.

Por que um esporte tão bom não tem a devida atenção?

Por que o Boliche é um esporte tão pouco difundido no Brasil?

Será que o filho de um praticante de boliche ganha uma bola de boliche? Ou continua ganhando uma bola de futebol?

Será que se os próprios players não poderiam ser um pouco mais abertos?

Por que os dirigentes das federações e clubes não se esforçam em oferecer algumas oficinas de graça, talvez até com patrocínio?

Aos donos de boliche: saibam que quem sustenta o boliche de vocês não são somente os jogadores mas, principalmente, um público rotativo de novatos. Será que se vocês investissem em campeonatos para novatos ou, até mesmo, se dessem melhor apoio esse público não voltaria mais vezes? E gostando cada vez mais do esporte boliche?

Hoje, depois de dois meses de prática regular, comprei minha primeira bola.

Conheci nesse esporte algumas pessoas dispostas a coloca-lo para frente e outras que têm medo que ele vire esporte popular, aumentando os concorrentes. Será que é por isso que esse esporte não é difundido?

Essa é minha visão.

Espero um dia estar jogando ao lado de ótimos jogadores e participar de campeonatos.

Abraços à todos.

Carlos Dib (Cadu)
carlosdib@hotmail.com

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