Projeto de desenvolvimento do Boliche para 2001 - 2004

 I – SITUAÇÃO DA MODALIDADE

a) No Brasil

a1. aspectos organizacionais

            O Boliche Brasileiro é dirigido pela Confederação Brasileira de Boliche - CBBOL, entidade vinculada ao Comitê Olímpico Brasileiro. Estão filiadas à CBBOL 14 Federações Estaduais a saber: São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Pernambuco e Santa Catarina. O estado de Alagoas está em fase de organização de sua Federação.

            A base da organização são os Clubes, filiados diretamente às Federações Estaduais. Em cada estado varia o tipo de Clubes filiados. Em alguns estados temos clubes de expressão no futebol, como o Vasco da Gama, o Botafogo, o Cruzeiro, o Atlético Mineiro, o Bahia, o Paissandu, o Atlético Paranaense, o Grêmio, etc. Em outros estados, a maioria são clubes sociais, como o Pinheiros de São Paulo e o Iate Clube de Brasília.

a2. aspectos físicos

             Existem, no momento, aproximadamente 500 pistas de boliche oficiais no Brasil, distribuídas por 30 casas, sendo 11 casas em São Paulo, 3 no Rio de Janeiro, 2 em Santo André, no Distrito Federal, em Belo Horizonte e em Curitiba, e uma em Salvador, Recife, Ribeirão Preto, Goiânia, Maceió, Blumenau, Campinas, e São José dos Campos. Em construção, temos outras casas em Natal, Campo Grande, Belém, Cuiabá e São Paulo, ainda sem número de pistas definido. Todas essas casas são equipadas com máquinas e pistas importadas.

            Existem ainda casas de boliche que utilizam máquinas rearmadoras de pinos com cordas, a maioria de fabricação nacional. Este sistema é chamado de Sistema Europeu, e é utilizado principalmente como lazer, mas os freqüentadores (e a própria Confederação) realizam movimentos para melhorar as condições de jogo e, com isso, permitir que os atletas tenham um desenvolvimento técnico que lhes permita almejar uma participação em igualdade de condições nos eventos do sistema oficial. Embora os eventos não possam ser oficializados nesse sistema, pois a Federação Internacional não reconhece este  tipo de equipamento, a CBBOL também trabalha com essas casas, pois existem mais de 1000 pistas no Brasil, distribuídas por quase todos os estados, inclusive em empresas, clubes e associações, congregando um público bastante significativo. As duas maiores casas deste tipo  localizam-se em Santos, SP, com 30 pistas cada.

            Por ser praticado em recinto fechado, o boliche independe de condições climáticas ou geográficas, podendo ser praticado a qualquer hora e em qualquer estação do ano.

a3. aspectos sociológicos e humanos

            Em função do alto custo de montagem das casas de pistas oficiais, o boliche de competição é praticado principalmente por pessoas pertencentes às classes média e média alta, pois o aluguel das pistas e os equipamentos necessários a cada um (bolas, sapatos, luvas, acessórios) são também importados e bastante caros. Para a sua prática como lazer, entretanto, o boliche é acessível a qualquer classe, comparando-se a qualquer outra atividade do mesmo porte em termos de custos, pois as casas fornecem o material necessário.

            Por outro lado, o boliche tem uma característica social e familiar que não se compara com nenhum outro esporte. Não há limite de idade, pois existem bolas de diversos pesos. É normalmente jogado em grupos, facilitando o convívio e a integração das famílias e dos amigos, que podem praticá-lo ao mesmo tempo, sem a interferência direta de uns sobre a jogada dos outros. E, como dissemos acima, o fato de poder ser praticado a qualquer hora e em recinto fechado, facilita ainda mais essa integração.

b) No mundo

            O Boliche Brasileiro é vinculado à Federação Internacional de Boliche (FIQ), com sede em Wisconsin, Estado Unidos. Esta, por sua vez, é filiada ao Comitê Olímpico Internacional. O Boliche já esteve representado nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, como esporte de exibição. Tivemos a presença de um atleta brasileiro, que se classificou em todas as seletivas Panamericanas. O Boliche possui todas as exigências do COI para se tornar Olímpico, sendo um esporte de nível Panamericano desde 1983, organizado em todas as Zonas Olímpicas nos cinco continentes e com um número muito maior de países e atletas filiados oficialmente do que o exigido pelas regras do Comitê Olímpico.

            Em termos técnicos, o Boliche Brasileiro é atualmente tri-campeão sul-americano masculino, colocando-se entre a segunda e a quarta força panamericana. Na categoria feminina, somos a terceira força sul-americana.

II – PLANEJAMENTO DO DESENVOLVIMENTO

            O desenvolvimento do Boliche brasileiro depende preliminarmente de ações na área administrativa/organizacional. É necessário profissionalizar alguns setores da administração, incluindo o acompanhamento e monitoração de todos os eventos realizados. Necessitamos expandir os meios de comunicação interna, através da transformação dos veículos hoje existentes ou criação de outros mais elaborados. Temos que incrementar o trabalho da assessoria de imprensa, permitindo cobertura mais completa, uso de um maior número de veículos e captação de dados mais abrangente. E é fundamental incentivar as atividades de intercâmbio administrativo da Confederação com as Federações estaduais, com outros organismos esportivos e  governamentais e entre os próprios Poderes internos constituídos. Somente com essas ações teremos condições de estruturar com competência a realização dos projetos de evolução técnica necessários ao desenvolvimento da modalidade.

            Esses Projetos são, resumidamente, os seguintes:

a)   Formação de instrutores – promover a participação de atletas brasileiros em cursos reconhecidos no exterior, tanto na área de treinamento e preparação de atletas, como na de condicionamento de pistas e manipulação de equipamento, formando-os para ministrar treinamento no Brasil.

b)   Clínicas – realizar clínicas em diversas cidades brasileiras, ministradas por treinadores brasileiros formados e credenciados para tal.

c)   Festival Juvenil – realizar uma série de eventos anuais, exclusivamente para juvenis, com competição, clínica para público, demonstrações e entrevistas à imprensa, preferencialmente em cidades fora dos grandes centros.

d)   Treinamento avançado no Brasil – promover a vinda de técnicos experientes para ministrar treinamentos e clínicas no país para atletas de nível elevado e/ou com potencial acima da maioria. A presença desses técnicos poderá ser aproveitada pelas Federações Estaduais para ministrar clínicas para outros atletas do estado.

e)   Tecnologia - sistematizar programa de acompanhamento e divulgação das novidades tecnológicas do esporte, notadamente em termos de equipamento de jogo (bolas) e de condicionamento de pistas, criando fórmulas que permitam a importação rápida desses equipamentos para uso de nossos atletas.

f)    Eventos internacionais – sediar pelo menos um evento internacional do calendário oficial da Federação Internacional, e transformar pelo menos duas competições nacionais anuais em eventos internacionais.

g)   Intercâmbio -  incrementar o treinamento e intercâmbio internacionais, através da participação mais intensa dos atletas brasileiros em eventos importantes em outros países e incentivando, mediante o oferecimento de facilidades e premiação, a presença de atletas de renome mundial em nossos eventos nacionais.

h)   Circuito de primeira classe – realizar eventos com os melhores atletas brasileiros, em diversas cidades, com transmissão ao vivo das finais, com a finalidade de divulgação.

 Todos esses Projetos encontram-se orçados e planejados. Faltam-nos os recursos financeiros para viabilizá-los, o que temos buscado de forma incessante tanto na esfera governamental, através dos Convênios de Repasse de Recursos que assinamos com o INDESP, bem como através de outras fórmulas previstas, como a busca de patrocinadores e o processo de credenciamento para exploração e administração de bingos, que estamos iniciando agora.

Pretendemos propor, para aprovação na próxima Assembléia, uma alteração estatutária na estrutura da Confederação que dê o suporte necessário à realização desses projetos. Sendo aprovada, é possível que consigamos, já no próximo ano, implantar os dois primeiros itens listados acima. Os demais, no entanto, somente com aporte financeiro de outras fontes que não sejam os próprios atletas.

III – AÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO

a)      na esfera governamental

Necessitamos de Leis que apóiem o esporte amador, implementando incentivos fiscais para as empresas que patrocinem o esporte, à semelhança da Lei Rouanet da Cultura. Alguns estados brasileiros já possuem leis semelhantes, como Mato Grosso do Sul e Distrito Federal (em fase de sanção), mas precisamos implementá-las a nível nacional. É necessário criar mecanismos para isentar as Entidades Nacionais de Administração do Desporto de impostos na importação de material esportivo, quando não existirem similares nacionais. È imperioso separar o futebol dos demais esportes amadores na Lei, por se tratar de realidades muito diferentes. E precisamos regulamentar melhor as formas de captação oficial de recursos, como os bingos, tornando mais justa e real a distribuição e utilização de suas verbas.

b)      no Comitê Olímpico Brasileiro

O COB precisa ter recursos e uma política de apoio a todas as Entidades filadas, vinculadas e reconhecidas. Esse apoio deve ser contínuo, de forma a permitir pelo menos a sobrevivência administrativa das Entidades. Isso além de auxiliar na manutenção dos programas básicos de cada modalidade, de acordo com planejamento previamente aprovado, para que cada uma possa se dedicar aos seus projetos de evolução.

c)      na Confederação Brasileira de Boliche – CBBOL

      A ação principal nesta esfera refere-se à busca de recursos financeiros para apoiar os projetos. Negociação constante com possíveis parceiros, discussão das formas de retorno publicitário para os mesmos, incremento do processo de divulgação da modalidade, utilização de formas de economizar recursos, como o uso de programas especiais (projeto Pintando a Liberdade, por exemplo), engajamento nas atividades previstas em Lei, como a administração de bingos, etc. Com os recursos na mão, poderemos implantar os programas que nos levarão ao estágio desejado de desenvolvimento.

      É também papel da Confederação trabalhar em prol do “sonho olímpico”, junto com a Entidade Internacional. O Boliche é um dos quatro esportes mais cotados para serem incluídos no programa dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. Atingido este sonho, tudo se tornará mais fácil, pois a mídia dá muito mais espaço para divulgação dos esportes olímpicos, as verbas são mais acessíveis e os patrocinadores têm mais interesse em investir nos mesmos. Sob este aspecto, nosso trabalho é demonstrar a todas as pessoas, notadamente os que têm o poder decisório sobre o assunto, que o Boliche é um esporte sério, competente, desafiador e interessante para atletas, público e mídia.  

d) nas Federações Estaduais, Ligas e Clubes

São cinco os níveis de ações que podem e devem ser desenvolvidas nesta esfera:

- divulgação constante da modalidade pela mídia local;

- programas de incentivo à prática esportiva, com a finalidade de aumentar o número de participantes nas competições e outras atividades correlatas;

- desenvolvimento de programas para jovens, nas escolas, universidades, associações de bairros e nos próprios clubes;

- descoberta de talentos e incentivo à participação nos programas de treinamento e desenvolvimento;

- busca de parceiros locais que permitam aos atletas participarem com menor custo dos eventos e programas nacionais da Confederação.

IV – CONCLUSÃO

Administração competente, divulgação, patrocinadores, massificação e crescimento técnico. Este é o caminho lógico. E o início é buscar administradores que tenham a possibilidade de se dedicarem ao seu trabalho no esporte e de quem se possa cobrar resultados. Não é mais possível contar apenas com os abnegados que trabalham somente por amor à causa e que só tem uma pequena parte do seu tempo para se dedicar a ela. Não há mais lugar para amadorismos, se quisermos realmente transformar o Brasil em uma potência esportiva.

Marco Aurélio Tavares Arêas  -  cbbol@cbbol.org.br
Presidente da CBBOL - Confederação Brasileira de Boliche

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