O OUTRO LADO.

Faz tempo que desejo escrever sobre o lado sujo do boliche. Quem me conhece ou leu um artigo que escrevi, já sabe que estou envolvido com o boliche desde o início 1995. Observei muita coisa nesses anos e, infelizmente, acontecimentos desagradáveis sempre ocorreram desde o primeiro campeonato do qual participei.

Nas viagens que fiz para participar de campeonatos em outras cidades não houve uma única vez na qual não tenha presenciado ou sabido de algum caso de violência e ou grosseria envolvendo um ou mais jogadores de boliche. E o mais grave é que cansei de ouvir os envolvidos falarem com um tolo orgulho sobre como participaram desses lamentáveis casos, contando detalhes com indisfarçável bravata como agrediram alguém, provocaram alguma confusão, enganaram ou desafiaram alguma autoridade ou funcionário, o quanto beberam ou conseguem beber, etc, etc.

Procuro e sempre procurei ser cordial com todos, evitando ser preconceituoso sobre a (má)fama de um ou de outro jogador, afinal o que sempre quis foi aprender e praticar o mais democrático dos esportes: o boliche. Agora chega ! Não posso mais engolir essas patacoadas e ficar quieto.

Igualmente aos outros jogadores casados que não jogam acompanhados pelas esposas e filhos, sempre tive problemas em convencer minha família sobre a necessidade de treinar e participar de quantos torneios for possível para melhorar o nível e a técnica (ainda rudimentar, reconheço) do meu jogo. É difícil para quem não "vive" o boliche entender o quanto esse esporte envolve e exige da gente. Porém o mais frustrante é arriscar um bom relacionamento familiar na busca do aperfeiçoamento técnico e deparar com essas situações constrangedoras e insuportáveis. Imaginem se tivesse convencido minha mulher e minhas filhas de 13, 11 e 3 anos a presenciarem as finais do Campeonato Brasileiro. O que iria dizer para elas? Que o que aconteceu foi eventual? (Mas isso sempre acontece!) Que não tenho nada a ver com isso? (Mas isso desgraçadamente isso faz parte do nosso meio!) E o que dizer para aqueles que estão começando a interessar-se pelo boliche? Que terão que ser "valentões" também? Como explicar aos iniciantes que isso não deve ser feito se, na maioria das vezes, sempre são os melhores (?) jogadores que têm esse comportamento reprovável?

Quase sempre a bebida alcóolica é a desencadeadora dessas circunstâncias e algo precisa ser feito para cessar esses episódios. É mais que sabido que em nosso país a impunidade está na base das injustiças. Portanto proponho que medidas punitivas e severas sejam adotadas o mais urgente possível, não importando se essas ocorrências são "extra-pistas" ou não, caso contrário o boliche não conseguirá superar o "status" atual de esporte desprezado e medíocre, onde uma situação destrutiva de entra-e-sai (ou até "não-entra") de jogadores emperra o progresso do boliche como esporte.

Tenho dito e assino embaixo.

Bira Teodoro

julho/99

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