Primeiramente gostaria de fazer
alguns agradecimentos: em
especial ao Sr. Adalberto Sacco por
ter tornado possível minha ida como delegado e técnico da seleção
juvenil que participou do X Campeonato
Sul-Americano Juvenil - Zona Americana na Guatemala. Agradeço, também,
aos pais de atletas (entre eles alguns amigos pessoais) que acreditaram e
apoiaram meu nome para este trabalho e, finalmente, à CBBOL por ter
permitido.
Lamento se não pude ser útil o suficiente aos nossos garotos para trazer uma medalha -
quem sabe em outra oportunidade - e talvez, quem sabe, se algumas das
falhas que tivemos sejam sanadas no futuro.
Aprendi muito com nossos atletas, mas o maior
aprendizado foi na troca de informações com Presidentes de federações,
técnicos e dirigentes dos outros paises.
Colocarei alguns itens que me chamaram a atenção
nestas conversas para depois dar minha conclusão.
Venezuela –
O trabalho com os Juvenis começa em fevereiro logo após os jogos
seletivos para a seleção – Os jogos seletivos são realizados no mês
de Janeiro (férias)
96 partidas divididas em 4 finais (rodadas) de
semana, 24 partidas por fim de semana, 8 partidas por dia, em três dias.
São selecionados por pinos derrubados em dois condicionamentos de pista
longo e curto diferenciados a cada rodada. A participação é livre podem
participar novatos, jogadores na ativa e também jogadores que não
estavam na ativa.
Dependendo do número de eventos para o ano, são
convocados dois jogadores a mais para cada categoria. Exemplo: Sub-18 se há 2 vagas, são convocados 4 garotas e 4 garotos, Sub-20
convocam 8 para 6 vagas , Sub-23 convocam 8 para 6 vagas.
O mais interessante é que ninguém está com a
passagem marcada nem vaga garantida. As vagas são definidas dependendo da
proximidade do evento, dois ou três meses antesm, através de nova seletiva
de 24 partidas entre aqueles cuja idade permita sua participação no
evento.
Obs. Todos os jogadores de idade inferior também
participam da eliminatória. Exemplo: um garoto(a) de 15 anos pode ganhar uma
vaga na categoria sub-23.
Uma vez definida a seleção permanente para aquele
ano, dão inicio aos trabalhos.
Junto ao Comitê Olímpico que disponibiliza um
Preparador Físico, um Nutricionista e um Psicólogo que, juntamente com o
Técnico da Seleção, farão um trabalho inicial com todos os atletas
definindo assim o programa para o ano todo.
Uma vez por mês todos os
atletas são submetidos a novos exames e avaliação dos profissionais
para saber se estes estão cumprindo com o programa estabelecido (musculação,
alimentação e mental, além do jogo físico.
Se o atleta não segue o
programa é cortado imediatamente.
As datas para as reuniões são
previamente definidas e não são permitidas faltas, com corte imediato do
atleta, salvo raras exceções. Todo o programa
definido para cada atleta é enviado para os técnicos de cada
jogador (caso este tenha um), se não, a Federação local se encarrega de
nomear um responsável pelo acompanhamento do treinamento do atleta, em
muitos casos são utilizados até donos de boliche.
O alojamento dos atletas para estas ocasiões são
feitos em alojamentos esportivos do Departamento de Esporte de Caracas
(gratuito) e todos são obrigados a alojar-se no local, inclusive os que
moram na cidade, juntamente com a comissão técnica que viajará com os
atletas para as diversas competições.
As horas de treino (gratuitas e diárias) durante
todo o ano são negociadas pela Confederação e Federações (com ajuda
do Comitê Olímpico) junto aos boliches.
O transporte é negociado da mesma forma com
companhias aéreas e terrestres.
Não existe Ranking Juvenil, o Presidente da Federação
disse que Ranking favorecia apenas quem tinha dinheiro para jogar o
circuito e que a qualidade dos jogadores só melhorou depois da implantação
do programa Selección Nacional.
Colômbia:
A estrutura deste país é um
pouco diferente, trabalham com vários níveis (iniciantes, intermediários,
talentos e alto rendimento). Todos são escolhidos durante o ano através
de analise dos 14 técnicos que compõe o quadro de técnicos da Federação
Colombiana e supervisionados pelo Sr. Jairo Gómez.
Também são formadas seleções permanentes de cada
idade e trabalhadas durante todo o ano, para finalmente jogarem o seletivo
(100 partidas) entre eles e definirem quais serão os representantes em
cada competição.
Os itens avaliados são os mesmo que na Venezuela . A
diferença está em que tudo é custeado pelo Comitê Olímpico e pela
Federação, que fazem parte de um trabalho do Governo para tirar os jovens
das Drogas.
Quanto mais medalhas mais Verba.
Todo o trabalho é realizado no Centro de Alto
Rendimento de Bogotá. Lá eles dispõe de, Centro médico, psicológico,
físico e etc ...
México: também não tem ranking, tem muito mais jogadores que os
outros países, são feitas seletivas estaduais mo fim do ano e a nacional
em janeiro, onde também é definida uma seleção permanente e o trabalho
também é feito anual a partir de fevereiro.
Uma vez definida a seleção são jogadas 40 partidas
entre os selecionados para definir quem vai para qual evento. Estas
partidas são jogadas em cinco Boliches diferentes, 8 partidas por dia, com passagem de
óleo diferente para cada rodada.
Os
custos são absorvidos totalmente pela Federação que além de sua
arrecadação tem ajuda do Governo e Comitê Olímpico.
O ponto interessante é que eles fazem até teste antidoping nos garotos.
Comentário do Presidente da Federação Mexicana: "Você não faz idéia da quantidade e qualidade de jogadores que não
vieram por problemas de comportamento."
Todos os
três paises trabalham com índice técnico mínimo, para rapazes 190 e
para as meninas 180 de média.
Minha conclusão é que o dinheiro gasto para
levar nossas seleções para fora seria investimento se direcionado para
dar treinamento e ensinamento aos nossos jogadores aqui no Brasil.
Preparar melhor nossos atletas, tanto na parte cívica, quanto em suas
responsabilidades como jogadores e civilidade em outros paises. Penso que
a CBBOL deveria sim dar palestras e uma lista de deveres e obrigações
para os atletas e dirigentes em todos os níveis. Esta lista deveria ser
assinada pelos atletas e pais de atletas.
Não se aprende a jogar Boliche em torneios
internacionais.
Ainda falta muito para chegar perto deles, temos que
encarar de outra forma.
Investir no ensinamento, treinamento, preparo físico,
mental e conhecimento de equipamentos.
Temos que ser mais exigentes, determinar metas a
serem alcançadas e índice mínimo a ser atingido.
É só olhar para o trabalho dos outros paises e ver
que ainda estamos engatinhando
no esporte Boliche.
Se houver outra oportunidade de eu sair com uma
delegação, gostaria de não me sentir como um "monitor
de Colônia de Férias".
Benê Villa