Diário do Tim Mack

O jogador norte-americano Tim Mack, eleito o melhor jogador amador de 1.999, escreve sobre suas participações nos Torneios Internacionais. Agora, apresentamos o seu Diário em português, uma exclusividade do Boliche Online graças a tradução (e comentários em negrito) do Jamil Sales do Pará.


A volta ao mundo por Tim Mack

Sejam bem-vindos, leitores !

Esperamos que gostem das nossas notícias. Sintam-se livres para fazer quaisquer comentários ou perguntas.

26/02/00, sábado:

Desta vez nós começamos na América do Sul, Rio de Janeiro, no I Brasil Carnaval Storm Open.

O formato foi um exaustivo e longo teste de sobrevivência. 24 jogos em 2 dias (na verdade foram 4 dias). Os 24 finalistas jogaram 24 linhas eliminatórias. Isto durou um dia e meio.

Entre os 5 finalistas estavam garantidas uma vaga feminina e uma sênior (parece que pegaram a regra do High Roller).

A temperatura estava ótima ... se fosse um Torneio de Vôlei de Praia. Dentro do boliche devia estar uns 40 graus antes do início dos jogos ! Quem disse que boliche não exercita ?

O primeiro dia de classificação começou no dia 26 e as finais foram no dia 2 de março.

Até a próxima ... (quando eu estiver 4 Kg mais magro !)

OBS: Hoje nós iremos ver o grande jogador de futebol Romário no Campeonato Brasileiro

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29/02/00, terça-feira:

As coisas continuam quente por aqui e a maratona prossegue. A única decepção foi a derrota do equipe da "casa", o Vasco da Gama. O grande Romário marcou um gol e o estádio virou um caos ! Na noite passada numa discoteca, Romário deu uma paradinha e disse "olá".

Os primeiros 24 jogos terminaram e foi muito bom para mim até então. Os resultados podem ser conferidos na página "all events".

Todos nós começamos as eliminatórias do zero. Estou 4 Kg mais magro e estamos apenas na metade do caminho.Espero sobreviver ao resto do ataque, aqui.

É um lugar muito legal para vir e jogar um torneio.

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08/03/00, quarta-feira:

Foram cinco dias malucos e finalmente estou a caminho do meu próximo destino e muito cansado!

O primeiro Storm Carnaval Open foi um sucesso.

Mário Quintero começou as últimas seis linhas das eliminatórias liderando nossa divisão dos abaixo de 40 anos. Estávamos empatados eu, Arturo Quintero, Daniel Falconi e o favorito local, Juliano Oliveira. Daniel e Arturo estavam muito bem. Eu estava atrás do Arturo, faltando 3 linhas para o final.

Qualquer um dos 4 (aqui ele já descartava o Juliano) poderia alcançar a liderança, porém um desafortunado teria que sobrar.

Uma mulher e um sênior já estavam garantidos entre os 5 finalistas. Eu tomei a liderança com 268 na 23.ª partida e fiquei 111 na frente, faltando a última linha, a de posição. Eu mantive a liderança depois da linha de posição derrotando Arturo, que manteve uma boa vantagem na segunda colocação. A última posição (entre os três classificados para as finais) ficou com o Mário (aqui o Tim se enganou, pois o 3.º colocado foi o Daniel Falconi, o Mário ficou fora, confira na página do "round robin")

Na primeira partida a senhora (Sarah Guterman) venceu o sênior George White em uma partida apertada – 215 a 202. Daniel interrompeu a carreira dela e enfrentou Arturo.

E o jovem Quintero continuou com seu sucesso de Las Vegas e forçou seu caminho à vitória por 219 a 175.

Vamos a final entre mim e Quintero.

Ele liderava o tempo todo e as pistas estavam secando. Eu não conseguia melhorar. Arturo precisava marcar para ganhar mas "fritou" um pino 3 (será ???) e eu tive uma segunda chance. Fiz os três "strikes" no décimo para empatar e fomos assim para o desempate. Ele largou com um "spare" e eu fiz um "strike" e um "split", conseguindo 28. Ele precisava de uma marca, mas deixou o pino 3 novamente.  Converteu, porém cometeu falta (ai, ai, ai)

E lá vamos nós pela terceira vez desempatar.

Ele largou com um "strike" e então eu fiz um ligue e um "spare" de pino 4, totalizando 49. Ele fez outro "strike" deixando a oportunidade para um novo empate, mas deixou os pinos 3 e 6.

Se houvesse mais um desempate eu teria a grande possibilidade de perder meu vôo para Londres, dentro de uma hora. Terminei as finais às 20h, o meu vôo era às 21h30 e o aeroporto era distante 45 minutos. Consegui alcançar o vôo e parti para o meu próximo evento.

Meu vôo durou 9 horas, apenas o suficiente para saborear minha vitória e me lavar (o cara se lavou no avião, meu !).

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03/03/00, sexta-feira

Cheguei em Londres depois de 20 horas de viagem para o Lambeth World Match Play Championships. $30.000 – O Vencedor Leva Tudo. 16 jogadores do mundo todo foram convidados a participar deste grande evento promovido por Matchroom Sports. Em seu terceiro ano, eu ainda tinha que chegar nas finais.

Enfrentei o Jogador do Ano da Bélgica na primeira rodada e escapei com uma vitória por 419 a 380.

O segundo confronto foi contra Steve Thorton, o cara que havia me eliminado no ano anterior. No dia final, nos confrontamos para ver quem ficaria com a vaga na semifinal para enfrentar Tomas Leandersson, da Suécia. Na outra semifinal estavam Tore Torgersen, da Noruega, cruzando para as semifinais com média melhor do que 248 em seus dois confrontos, e o favorito de Londres, Richard Hood.

Eu pude sair da primeira partida contra Thorton com uma vantagem de 10 pinos depois de fazer 246 a 235. Eu pude largar logo na vantagem (na segunda partida). Eu fiz os próximos seis "strikes" e um pino 4 interrompeu a corrente. Tinha uma boa vantagem e pude me vingar do ano passado.

A atmosfera do evento é diferente de qualquer outra de boliche. Só uma pista, construída dentro de um shopping, com assentos enfileirados até os pinos. 14 câmeras captavam todos os ângulos possíveis de cada bola. Pessoas por todos os lados da pista e a concentração no alvo se tornava difícil.

Na primeira semifinal, Tore continuou muito bem com 289. Um pino dez custou-lhe o primeiro jogo perfeito em três anos de história do "masters". 243 depois e um total de 532! Richard foi brilhante na derrota com 475, que teria sido bom o suficiente em qualquer confronto exceto este!

Agora vamos ao meu confronto. Tomas começou ligando os sete primeiros, ganhando uma respeitável liderança. Eu consegui me sustentar ali por perto, mas perdi por 245 a 217. Na próxima partida, eu estava longe de um bom começo: "strike", um sólido dez e outro sólido nove nos três primeiros "frames". Tomas começou com um duplo e depois deixou dois 7-10 encaixados seguidos e aí eu pude voltar ao jogo com um duplo. Agora estava perto. Continuei a fazer "strikes" e alcancei Tomas pelo "frame" oito. Tomando a liderança pela primeira vez no "frame" nove, eu fiz outro "strike" e ele deixou um pino 4. Precisava marcar no décimo para selar meu lugar na final e consegui, fazendo outro "strike". Estava nas alturas depois de superar uma diferença de 63 pinos. Agora estava aqui – duas linhas mais para os $30.000!

Estava prestes a conseguir. Fui testado em cada partida e sentia-me muito bem indo para a final. Tore foi tão brilhante que cada confronto terminara antes mesmo do início da segunda partida. Depois de um início lento, nós dois pegamos fogo. Ele terminou com 245 e eu com 222, apertado o suficiente para tornar a final muito interessante.

Comecei a linha final com um "strike" e Tore, com uma rara abertura e eu tive a chance de fechar a brecha... mas eu deixei o 4-6-7-10 ("2002") e estava encarando um desastre. Com um golpe de sorte eu converti o "split" e a confiança veio em minha direção. Fiz um tri-ligue, mas Tore respondeu com um ligue. Eu tive uma chance para passar a frente mas dei um "poff" num 3-6-10. O tempo estava se esgotando. Tore deixou o "split" 4-6 e novamente nós tínhamos uma partida apertada. Os $30.000 - O Vencedor Leva Tudo - podia ser de qualquer um. Eu fiz um "strike" no oitavo mas precisava da ajuda do Tore, que ainda estava na frente. Ambos fizemos "strikes" no nono. E veio o décimo. Eu precisava de um duplo para forçá-lo a um "strike" e um ‘spare" de oito para ele vencer.

Eu fiz o primeiro "strike" e então deixei a "Igreja Grega" (4-6-7-9-10 ou 4-6-7-8-10, para canhotos) na próxima bola, o que pareceu selar meu destino – especialmente depois de tirar apenas um pino dos cinco. Eu tinha 216 e Tore precisava fechar para vencer.

Eu tirei os meus sapatos mas ele deixou o 4-7-10 e eu tive chance novamente. Precisando de dois para empatar, calcei meus sapatos de volta... mas ele tirou só o sete! Não pude acreditar na cadeia de eventos nesses instantes. Eu, fazendo 5 e 1 depois de um ligue e então Tore, fazendo 7 e 1.

Era verdade. Eu era o campeão do "Masters $30.000 - O Vencedor Leva Tudo - de 2000".

Posso dizer que foram as duas finais mais malucas de minha carreira. Loucura, com certeza. Terminei no domingo às 7 da noite e parti para Singapura na 2.ª feira pela manhã.

Ainda não acredito na cadeia de eventos dos últimos cinco dias.

Em direção à Ásia! Espero continuar com a boa maré......Eu esperoooooo!

Tudo de bom para todos!

Tim Mack


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