XX TAÇA RIO
1, 2 e 3 de maio de 2009

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Do céu ao céu – sem switch a Taça Rio 2009
(por Paulo Feijó)

O Torneio

            Acho que todos nós deveríamos relatar, após um torneio, como o mesmo se deu, e como foi nosso desempenho, até para que não nos esqueçamos e possamos ir acumulando experiência com mais facilidade.

            No meu caso, contudo, o relato se dá como forma de resumir como foi o evento, para os presentes e ausentes, e por um motivo um pouco mais dramático, qual seja, a contusão que sofri no segundo dia da XX Taça Rio – 2009.

            O evento ocorreu simultaneamente no Norte Shopping (divisão feminina e 1.ª e 2.ª divisões masculinas) e Casa Shopping (3.ª e 4.ª divisões masculinas) e, para mim, começou excepcionalmente: em uma “zebra” histórica, eu e o Álvaro Ferreira também aqui do Rio, terminamos o primeiro dia liderando no Norte Bowling, seis pinos à frente da dupla Charles Robini e Marcelo Suartz. Corremos as 3 pistas mais à esquerda utilizadas (19/20 em um boliche de 26) e as 3 da direita, inclusive a 1/2, muito criticada por vários atletas.

Neste boliche as condições de jogo foram bem complicadas, e embora tivéssemos poucos canhotos, o lado esquerdo também estava bem complicado. Fiquei imaginando o lado direito, com tráfego e tudo mais. Acho que se fosse destro já teria desistido...

            No segundo dia que tudo aconteceu. O esperado – Marcelo e Charles disparando em primeiro – e o inesperado – meu acidente.

A contusão

            Como de costume, estava jogando mal, e após perceber que o boliche estava reverso (ao menos do lado esquerdo), troquei de bola e vim para o meio da pista. No quinto arremesso da terceira linha (terceiro arremesso com a bola “Big One”) meu dedão prendeu, e o copo do plug soltou da bola.

Como no anúncio da Tostines, não sei se o copo do plug soltou porque eu girei e prendi o dedão, ou se o dedão girou e prendeu porque o copo do plug soltou. Fato é que, como normalmente acontece neste tipo de situação, me “esborrachei” no chão, até porque o approach estava bastante rápido. Antes de cair, ainda me lembro de ver a bola no ar, com o copo do plug metade para fora. Durante a queda, me lembro de bater com a perna direita e com o dedo médio da mão esquerda. Naturalmente, por um reflexo instintivo, ao cair coloquei a mão esquerda para trás, para amparar a queda, mas como estava de luva, não consegui dobrar o pulso para trás e, com isto, o dedo médio serviu de apoio e, verticalmente, sustentou todo o peso do meu corpo ao cair no chão.

Após cair, fiz um rápido check list mental, e achei que não havia maiores problemas. Na perna não tinha acontecido nada – foi só a pancada – mas, ao tentar mexer o dedo médio da mão esquerda, ainda atrás do corpo, não consegui. O primeiro pensamento foi: NMUÜ~, perdi o torneio. O segundo e os seguintes foram piores: após ver o dedo, tive a certeza de que se cuidava de uma fratura exposta, e entre a incredulidade e a realidade, comecei a pensar que iria ter que operar a mão, que não ia mais conseguir jogar boliche, que meu dedo ficaria com seqüelas permanentes, etc. Ainda saí do approach caminhando, mas um pouco atrás dos bancos, quando comecei a realizar tudo, apaguei.

Me lembro de várias pessoas, mas principalmente o Álvaro, falando comigo o tempo todo e o Márcio (Vieira), que assim que viu o que tinha ocorrido passou a pedir gelo, sem parar. Ao acordar tinha o Álvaro e a Lúcia (Vieira) à frente, mas já me sentia bem – embora não acreditassem – pois o susto tinha passado.

Ainda conversei sobre o Hospital e o Luiz Alberto (Marques), que era o árbitro por não poder jogar em razão de recente cirurgia no joelho, ia me levar, mas algumas pessoas sugeriram um local mais perto – me lembro da Dayse (Paim) recomendando e de perguntar à Denise (Duprat) se ela conhecia.

Fui levado pelo Sérgio (Paim) ao Hospital Pasteur onde, após breve espera, fui muito bem atendido – a Dayse tinha razão ao indicar o local destacando que a Ortopedia era gerida pela equipe do Dr. Runco, da Seleção de Futebol. Logo no início do atendimento, após tirar o dedo do saco, que já parecia mais recipiente de transporte de órgãos do que apenas gelo, mais um susto: após sentar em um banco por indicação do médico este, enquanto vestia a luva, me explicou que, aparentemente, era caso de cirurgia e, possivelmente, de urgência. Nem preciso dizer. Só de pensar em como isso seria comecei a suar, pedi para deitar, mas não cheguei a desmaiar.

Poupando a todos dos detalhes sórdidos, após duas dolorosas injeções para fazer um “bloqueio” (tipo de anestesia) no dedo, o médico conseguiu “colocar no lugar” os ossos deslocados – a segunda falange tinha “subido” na primeira – e constatou que eu ainda conseguia mexer e tensionar o dedo, me dando a boa notícia de que não teria que operar. Como o tendão estava aparente, foi feita uma sutura no local e depois tomei soro com antibiótico e antiinflamatório.

Ao Sérgio, coitado, só tenho a agradecer: o tempo todo ali, me acompanhando e apoiando, com a maior paciência, só dando uma “saidinha para telefonar” na hora da sutura...

            Segundo o médico, após retirar os pontos, o que deve acontecer na próxima segunda-feira, dia 11, se tudo correr bem volto a ter vida normal.

            Para quem achou que tinha uma fratura exposta com ruptura do tendão – o Márcio depois confessou que, ao colocar minha mão no gelo, pensou que eu nunca mais jogaria boliche, e pude perceber bem a preocupação das pessoas pela reação da Léa (Castro) quando cheguei mais tarde no Casa Bowling – devo admitir que, graças a Deus, “saiu barato”. O que era azar passou a ser sorte.

Sem switch

            Ao contrário do que muitos pensaram, não uso switch – nem sweet, swift ou outras grafias semelhantes... – há algum tempo. Ciente da minha incapacidade técnica para usar o dito equipamento, voltei aos meus plugs, ao invés de ficar quebrando switch e tendo que repor o que não é barato.

            Tenho o defeito de agarrar a bola, e o switch não é feito para pessoas que têm este tipo de hábito. Aliás, em minha análise quase leiga, acho que no Brasil, hoje, poucos atletas têm utilidade, necessidade e capacidade de usar o switch. Penso que este material sirva apenas para os atletas que têm uma necessidade de sintonia fina altíssima no jogo, aliada a uma qualidade de movimento e, em especial, de saque, que limita muito o número de pessoas aptas em nosso país. Mas isto é apenas uma opinião...

            Fato que, ao contrário do que muitos pensaram, meu acidente não se deu por problemas com o switch, mas sim por um plug na bola mais antiga que tenho, que pouco uso, e cuja cola pode ter se soltado em função do tempo, das variações de temperatura e do stress sofrido pelo material em razão dos defeitos de minha forma de jogar.

Voltando ao evento

            Como o “show tem que continuar”, o Torneio prosseguiu e, no Norte Bowling, onde o Thiago Fiorillo foi o organizador, exatamente como eu havia previsto no dia anterior, ainda quando liderava o evento, a dupla Charles e Marcelo se encontrou e “foi embora”, seguida por Caco e Juliano, com as disputas abertas apenas para o terceiro lugar.

            No feminino impressionou a dificuldade encontrada por muitas atletas, mas o evento já era liderado por Roseli (Santos), Marizete (Scheer) e Jacque (Costa) e suas respectivas duplas.

            Foi utilizada uma fórmula interessante no evento, já usada aqui no Rio anteriormente: no masculino, as divisões dentro de cada boliche foram definidas pelo resultado dos dois primeiros dias e, no feminino, ao invés de fazermos duas pequenas divisões, formamos uma divisão única, sem e com handicap, o que se tornou possível com o atual formato do ranking brasileiro.

            No último dia, as coisas evoluíram sem surpresas. Após a segunda linha, de 497 pinos, Charles e Marcelo praticamente definiram a primeira divisão masculina, enquanto Caco e Juliano também tinham distância segura para os terceiros colocados, que acabaram sendo Mário (Tavares) e Eduardo (Bastos), aqui do Rio. No individual, Marcelo (Suartz) confirmou o favoritismo, e deu show, não apenas sendo o único atleta com média acima de 200, e grande diferença para o segundo, mas jogando um boliche espetacular.

            A segunda divisão masculina, com presenças ilustres, como do vencedor do individual, Walter (Costa), teve disputa até a última partida, com os bons baianos Bruno (Cezimbra) e Alan (Chastinet) levando o título sobre Márcio (Martins) e Carlos Diogo, do Rio, que lideravam até a antepenúltima linha. O terceiro lugar foi ainda mais disputado. O Álvaro e o Carmine (Fiorillo), que me substituiu, entraram na última linha apenas 19 pinos atrás do Paulo (Dias) e do Ricardo (Alonso), também do Rio, que garantiram o bronze por apenas um pino, mas sobre a dupla Walter e Chico (Macedo) de Minas dupla que, no final, ficou em quarto, ultrapassando minha dupla.

            No feminino destacaram-se, além das sempre vencedoras Roseli, Marizete e Jacque, três primeiras do all events individual sem handicap, as surpresas Cláudia (Siqueira) e Valéria (Moraes), respectivamente primeira e segunda colocadas no individual com handicap. Nas duplas sem handicap Marizete e Jacque ganharam, seguidas de Roseli e Cláudia, e Tininha (Muelas) e Sheila (Abreu), também com excelente desempenho, em terceiro. No com handicap, Roseli e Cláudia venceram, ficando a baiana sempre alto astral Rita (Ferraz) e Dayse (Paim) com o vice, e Valéria (Moraes) e Márcia (Coelho) em terceiro.

Enquanto isso no Casa...

            No Casa Bowling as condições de jogo eram, aparentemente, um pouco melhores. Embora a passagem de óleo fosse a mesma, com máquinas idênticas nos dois boliches, especificidades de cada pista e fatores como tipo de uso e limpeza acabam por gerar diferenças.

            O mais divertido, contudo, foi a “reclamação” do Celso (Barata), de que tinha muitos canhotos no Casa – eram 8 entre 42 atletas – o que gerava um tráfego com o qual não estamos acostumados. Aqui presto minha solidariedade, pois se fosse ele faria a mesma reclamação: não sabemos ler mudança de pista. Não que não queiramos, mas é por falta de canhoto mesmo, e quando temos tráfego normalmente ficamos sem saber o que fazer, mas sei que este tipo de reclamação irrita os destros, que convivem com este problema, e sempre ouço alguns resmungos do John (O’Donnell) Jr., meu parceiro em diversos eventos, quando ensaio este tipo de comentário.

            Graças a minha contusão, pude passar para ver o pessoal no Casa, a tempo de rever muitos amigos, prestigiar os atletas que ali jogavam e poder informar a eles que o tratamento dado pela FBRJ para os dois boliches, como sempre, foi idêntico, senão melhor para o Casa, onde estava arbitrando a Milena (Carvalho) e organizando a Alessandra (Alves), que fez os programas do evento. Temos que acabar com a diferença de tratamento entre as primeiras e demais divisões. Todos pagam o mesmo e têm que receber igual tratamento. Sem isso não conseguiremos crescer.

            Na pista, como sempre ocorre nas divisões posteriores à primeira, muitas novidades. A terceira divisão foi vencida por Carlos Delgado e Rodrigo Silva, os dois do Rio e, o último, canhoto, que também ganhou o all events da terceira. Em segundo ficaram Guilherme Vedovani e Cadu Sansone (RJ), seguidos de Franz Erwin e Roberto Sampaio (BA). No individual, depois do Rodrigo veio o Kléber (Sant’anna), também do Rio, e em terceiro ficou o Celso (Barata), de São Paulo, que reclamou do tráfego dos canhotos, mas levou o bronze.

            A quarta divisão foi vencida pela dupla Luiz Figueiras e Daniel Zibenberg, este voltando após algum tempo afastado, ambos do Rio, seguidos de Takasy (Hashimoto)(BA) e Pedro Cherfen (RJ), nosso vencedor do “Caldeirão do Huck”, e Ivan Braga (PE) e Rodrigo Franco (RJ). No individual o Luiz Figueiras ganhou, com o (Naotaka) Urata em segundo e o novato Eduardo Júnior em terceiro, todos do Rio.

Fechando o evento

            Mais uma vez o saldo da Taça Rio foi ótimo. O evento que ficou apenas três semanas após o Brasileiro de Clubes realizado um mês após a Taça BH, e que sofreu com a marcação simultânea da Taça Pinheiros em São Paulo , mesmo assim contou com grande comparecimento de atletas de fora do Estado, e premiou o bom início de gestão do Danilo (Rocha), presidente, Adilson (Balthazar), vice, e Otábio (Nakamura), financeiro, à frente da FBRJ.

            No meu caso ficam as boas lembranças: Da “tia” Rita, atrasando a premiação do feminino com handicap no Norte para passar o batom por conta da foto – está certíssima – ao show do Marcelo Suartz e o prazer de ver um brasileiro que certamente chegará ao topo do boliche mundial jogando junto com o vice-líder do ranking nacional e divertidíssimo Charles – registre-se, que pegou um pino 5 em seu último arremesso do evento – deixando a esperança que possamos conseguir sucesso na renovação do esporte.

Isto que temos que conseguir: aliar o lado do “esporte diversão” ao alto rendimento, para que todos possam ficar satisfeitos, e o boliche possa crescer.

            Para mim o torneio foi uma pequena viagem, em ônibus circular, do céu ao céu, passando pelo grande susto, com a ajuda de alguns anjos – amigos dos quais recebi o carinho e a preocupação, e que zelaram por mim todo o tempo, aos quais, juntamente com todos aqueles que se solidarizam comigo, tenho apenas a agradecer – e proteção divina. Saio apenas com uma lesão leve e, só para lembrar, mais certo do que nunca: sem switch!

Paulo Feijó

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