IV Torneio Sênior Internacional
Punta Cana, República Dominicana
boliche: punta cana bowling
20 A 27 de maio de 2007

Por Soren Lemche

Foi com muita expectativa que marquei as passagens para a Punta Cana. Afinal, participar de um torneio internacional pela primeira vez e não fazer feio era a pressão certa.

Mesmo sendo torneio de Sênior, soube pelo Márcio Vieira que estavam indo mais norte-americanos do que no ano anterior, sendo alguns bons jogadores das regionais da PBA. Além desses estavam indo Ben Hoefs e Brian Brazeau, Ed Roberts, Harry Mickelson e claro, jogadores da seleção Mexicana, da Seleção Dominicana e Venezuelana. Devo acrescentar a esta lista Arnaldo Mercado e Gery Hoefs.

Punta Cana é um balneário recheado de resorts para tudo quanto é lado e fomos alojados no Bavaró Beach Resort, como o nome diz, bem ali, na praia. Restaurantes temáticos, cassino e boite. Piscinas e bar aberto 24 horas. Além disso, boliche. O que mais pode querer um simples mortal? Sol, coqueiros e um brisa maravilhosa do mar é o cenário daquele paraíso.

O boliche é de 18 pistas, razoavelmente nivelado e em bom estado de conservação.

O local é amplo com um ar condicionado que faria um Siberiano se sentir em casa.

Do lado de fora há um comércio simpático com pequenos restaurantes e farmácia.

Na segunda-feira iniciamos os squads, jogando quatro linhas sem direito a treino prévio.

Era bate bola e vamos que vamos. Óleo curto, 38 pés com o “relevê” na décima tábua. Cometi o sacrilégio de não levar bola de spare, achando que a minha “XXXCel” de furação neutra pudesse substituir a bola de plástico. Ledo engano, um belo arremate me fez perder uma quantidade não desejada de pinos 10. Além de tomar um sem números de “pofs”. Lição aprendida! Nunca mais viajarei sem a bola de spare.

Nosso planejamento foi detonado quando percebemos que o nível do torneio era mais elevado que o ano anterior. Chegaram no corte de 48 apenas os atletas com média acima de 200 pinos. Havíamos calculado que a classificação seria obtida com 185 de média.

Participaram 80 atletas, brasileiros, argentino, peruano, colombianos, venezuelanos, porto-riquenhos, dominicanos, norte-americanos e  mexicanos.

Fiz seis squads de classificação sendo meu melhor resultado 189 de média. Na minha melhor partida 244, no primeiro strike a máquina acusou foot-foul, o que foi desconsiderado pelos companheiros de par de pista; Hilton Nunez, Jace Peterson e Jesus
Gutierriez (Mex) e Arnaldo Mercado (EUA). Porém ao perguntar o Brian Brazeau, da pista ao lado, esse secamente disse que se a máquina marcou, é porque foi falta! Lembrei que o Marcio havia passado pelo mesmo problema e novamente os atletas do meu par de pistas desconsideraram a falta.

No frame seguinte, novo strike e novamente a máquina marcou falta. Como eu havia ficado parado há 40 centímetros da linha, todos riram e explicaram que era porque eu estava colocando a bola no chão antes da linha da falta.

A Lúcia Vieira fez a melhor série dela com 784, e assim estávamos eliminados do Torneio. Décio Abreu se classificou junto com o Márcio Vieira, Paulo Verly e Léa Castro. William Tudy de Nova Iorque foi o último dos 48 com 201 de média.

No corte dos 24 atletas o Décio foi eliminado ficando em 27.º O Márcio se manteve entre os oito primeiros e Paulo e a Léa se mantiveram entre os últimos, 22º e 24º respectivamente. Fato curioso foi a queda do atleta Canadense Mario Izzo. Este estava entre os 12 melhores do torneio e uma brincadeira de mau gosto por parte do Ed Roberts, o tirou totalmente de jogo, batendo 128 na última linha e ficando fora do corte dos 24.

Aliás esse mesmo Ed Roberts quase tira o Márcio do torneio, no primeiro squad. Márcio, concentrado no tape de uma bola, instintivamente levanta a mão sem olhar e o Ed o cumprimenta com o tradicional tapa na mão. Só que com mais força,  e os dedos das mão engancharam e o Márcio sofreu um estiramento do bíceps. Uma lesão que dói muito nos minutos iniciais e que requer no mínimo 24 horas de repouso. Outra queda impressionante foi a do Arnaldo Mercado. No corte dos 48 ele estava em 10º e no dia seguinte foi eliminado ficando apenas à frente da Léa Castro.

As partidas que determinariam os oito finalistas foram disputadas no sábado de manhã, Márcio novamente realizou uma série boa e se manteve entre os oitos.

Paulo e Léa foram eliminados. Léa Castro largou de 133 e não teve como recuperar. O mesmo acontecendo com o Paulo, que largou de 177. Phil Prieto (EUA) bateu 180, 226, 223 e 244 e foi eliminado. Perdeu o 8º lugar para a Gery Hoefs. Choradeira de eliminado; o Phil alegou que a Gery havia feito foot-foul e  adivinhem em que par de pistas?


(esq.p/a dir.: Ben Hoefs, Hilton Nunez, Gery Hoefs, Márco Vieira, Jace Petersen, Brian Brazeau, Harry Mickelson e Ed Roberts)

Definidos os oito finalistas; Brian Brazeau jogaria contra Gery Hoefs, Ben Hoefs jogaria contra Márcio Vieira, Harry Mickelson contra Hilton Nunez e Ed Roberts contra Jace Peterson. Márcio fez das tripas o coração para fugir do Brian Brazeau, para cair com um Ben Hoefs super treinado e muito estimulado. Falar do Ben Hoefs é fácil porque além de ser uma simpatia de pessoa, sabe muito de boliche. Uma simples brincadeira na praia com uma bola de futebol americano nada mais é do que um treino de saque ! O homem come, respira e vive boliche 24 horas por dia. Fui apresentado ao simpático casal Hoefs pela Léa Castro e a primeira pergunta que o Ben fez foi: O Márcio vem para o torneio?

A razão é que o Márcio o havia eliminado há dois anos atrás e ele queria forra!

A partida entre os dois foi sensacional. O Ben largou com todas as turbinas ligadas e fez 269 contra 219 do Marcio. Na segunda partida o Márcio que havia jogado inside, mudou para jogar perto da trilha do Ben, outside. O Ben demorou a perceber que o óleo havia sido empurrado para cima da trilha dele e o resultado foi 216 á 211 para o Márcio.

A última e decisiva partida foi parelha até o nono frame, sendo que o Márcio tinha a partida na mão. No oitavo frame o Márcio abre de 7 deixando o 1, 2 e 4, quase tomando um wash-out, isso porque foi abrir a bola um pouco mais que o normal. No famigerado nono frame tentou corrigir com um ligeiro twist, para dentro, no pulso e o resultado foi desastroso; 6,7 e 10. O Ben aproveitou e fez o quadri-ligue fechando em 226, deixando o Márcio com 214. O Ben estava vingado da eliminação de dois anos atrás!

Outra final sensacional foi a que envolveu o Brian Brazeau e a Gery Hoefs. A Gery simplesmente não tomou conhecimento do Brazeau e largou na primeira partida de seis strikes consecutivos. Bateu 254 contra 234 na primeira partida e na segunda largou de
quina-ligue. O Brian não se achou na pista e fez 180 contra 234 da Gery. O Gutierrez do México me confidenciou que nos 4 torneios de Punta Cana, nunca havia visto o Brian sorrir. Bem, nesse torneio só o vi uma vez esboçando algo parecido como uma manifestação emocional positiva.

Na semifinal a Gery enfrentou o Hilton e deu uma canseira no Hilton, 260 na primeira partida, mas o persistente Hilton recuperou ao ganhar as partidas seguintes contra uma Gery já cansada. Na outra semifinal o Ben Hoefs nem tomou conhecimento do Ed Roberts. Fez 2-0 rapidinho e ficou aguardando o Hilton para a final do torneio.

A final foi disputada em três partidas fantásticas com grandes alternâncias. Ambos os atletas com chances até o penúltimo frame. Na última partida o Ben levou azar e dois splits o deixou com apenas 183 pinos contra os 227 do campeão Hilton Nunez.

Foi um aprendizado sensacional e a convivência com bons jogadores de boliche dá a sensação de já ir reservando as passagens para o ano que vem.

A convivência com um grupo de atletas de grande experiência é sempre frutífera e pelo menos serve para estreitar os laços de amizades. Punta Cana deixou saudades e o bom é que se passa oito dias rindo, de tudo e de todos. Apesar dos resultados. Hasta la vista amigos. Devo acrescentar que o William Tudy foi escolhido por nos como o “figuraça” do torneio.

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