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12/09/06 - BOLICHE NO PAN 2007

Confederação de Boliche quer mudar local da disputa no Pan

12/09/06
Lello Lopes
Em São Paulo

Uma sede que está praticamente pronta para receber os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, pode não ser utilizada. A Confederação Brasileira de Boliche (CBBOL) quer mudar o local da disputa da modalidade do Barra Bowling para o Norte Bowling, que ainda está em construção.
Já em funcionamento, o Barra Bowling precisa apenas de alguns ajustes para receber a competição no Pan. Já o Norte Bowling, mais moderno, tem previsão de ser concluído apenas em dezembro.

Mesmo considerando o Norte Bowling como "plano B", a CBBOL promete se esforçar para mudar o local da disputa. Uma reunião com o Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos Rio-2007 (Co-Rio) já foi realizada para debater o assunto.

"(O Norte Bowling) é uma instalação muito mais completa. É um plano B. Tudo está sendo preparado para acontecer no Barra Bowling, mas já está nas mãos do Co-Rio todo o layout para a mudança", disse Maciel.

A principal vantagem do Norte Bowling, segundo o dirigente, é o número de pistas: 26, contra 20 do Barra Bowling. Como no Pan a idéia é usar 16 pistas simultaneamente, se a mudança acontecer sobrará um número maior de pistas reservas.

"O Barra não foi construído para receber um evento como esse (o Pan). A transmissão de TV é um dos principais pontos. A imprensa deve ficar nas duas laterais. Assim, vai sobrar de fato apenas duas pistas reservas. Além disso, no outro boliche, o espaço atrás dos jogadores é três vezes maior que o da Barra", analisa Maciel.

A localização, entretanto, privilegia o Barra Bowling. Localizado dentro do Barra Shopping, um dos principais da cidade, o boliche fica muito perto da Vila Pan-Americana.

Já o Norte Bowling vai funcionar em uma área do Norte Shopping que está sendo ampliada. O local, longe da Vila Pan-Americana, fica perto do Complexo Esportivo João Havelange, palco do atletismo.Apesar do projeto da CBBOL, o Co-Rio não se mostrou muito interessado na mudança da sede. Em comunicado oficial, a entidade se limitou a responder que "mantem em seu Programa Esportivo a competição de Boliche no Barra Shopping."

Para Maciel, a mudança na sede pode significar um incentivo a mais à modalidade no país. "Os dois locais têm condições técnicas de receber o boliche. Mas queremos que o esporte tenha visibilidade para muita gente. E o legado é algo que se discute muito nesse Pan", afirmou o dirigente.

Boliche tem dificuldade para transformar praticante em atleta

Mais associado ao lazer do que à prática esportiva, o boliche tem dificuldade em transformar os praticantes em atletas. E o problema fica evidente com a falta de resultados: a modalidade até hoje não conquistou medalhas em Jogos Pan-Americanos.

Para César Maciel, presidente da Confederação Brasileira de Boliche (CBBOL), a falta de resultados e o alto custo da modalidade evitam que a grande maioria dos praticantes se torne esportista.

"Durante a semana é preciso que se faça pelo menos cinco treinos, de uma hora cada um. Assim, só com treinamento a preparação custaria em torno de R$ 2,4 mil por mês", calcula Maciel.

"Quem faz boliche por lazer não tem o próprio equipamento. E a furação da bola já faz uma grande diferença no jogo. O atleta precisa ter sua própria bola, o seu próprio material para evoluir", completa o dirigente.

Para tentar atrair um público novo ao esporte, a CBBOL pretende fazer com que o boliche seja incluído nos currículos das escolas.

O boliche surgiu por volta no século III na Alemanha, mas há indícios de um esporte parecido praticado pelos egípcios 7 mil anos atrás ou pelos índios da Polinésia nos séculos seguintes. Na Inglaterra, um outro jogo semelhante também era praticano. O esporte era praticado na grama e tinha por objetivo colocar a bola o mais perto possível do alvo, sem derrubá-lo.

Mas foi na Alemanha que o boliche começou a encontrar a sua versão moderna. O esporte nasceu como uma prática religiosa, na qual os fiéis atiraram pedras em seu "Kegel" (uma espécie de bastão que carregavam para a proteção). O "Kegel" representava o Céu. Assim, quem conseguisse derrubá-lo, poderia se considerar livre de pecado.

Existem várias referências ao esporte em toda a Idade Média na Alemanha. Em 1325, foram promulgadas leis que limitavam o que poderia ser apostado em partidas de boliche. Em 1463, um festival em Frankfurt tinha como principal atração justamente uma competição de boliche.

Assim, a modalidade se espalhou pelos outros países europeus. Por volta de 1650, os holandeses desenvolveram as primeiras regras do esporte. O boliche era disputado com nove pinos organizados em formato de diamante na pista. Esta versão continua sendo disputada, principalmente na Europa. Já a versão mais conhecida, com 10 pinos, que será jogada no Pan-Americano, foi criada nos Estados Unidos no século 19.

As regras atuais foram criadas em 1875, com o surgimento da Associação Nacional de Boliche dos Estados Unidos. A entidade não durou muito tempo, assim como a sua sucessora, a União Americana de Boliche Amador. Ambas, entretanto, ajudaram a consolidar o esporte nos Estados Unidos e a "exportar" a modalidade de 10 pinos para a Europa.

Em 1926, surgiu a Associação Internacional de Boliche, com a presença de Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Holanda, Noruega e Estados Unidos. Já a Federação Internacional de Boliche, que hoje comanda o esporte, foi criada apenas em 1952.

Na Olimpíada, o boliche teve apenas uma participação, como esporte-exibição, nos Jogos de Seul-88. No Pan-Americano, a modalidade é disputada desde a competição em Havana-91.

Critérios de classificação

Os atletas disputam dez etapas seletivas, sendo que são válidos para o ranking apenas os sete melhores resultados.

  
O Campeão Brasileiro Fábio Rezende (foto) é um forte candidato para fazer parte da equipe brasileira de boliche no Pan-Americano 2007.

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