extraído do
de 25/06/2003
Americanos ensinam segredos
MARCELO VIANA
Dois técnicos dos EUA,
meca do boliche mundial, deram clínica aos brasileiros
O Brasil está apostando no know-how estrangeiro para aumentar suas
chances de conseguir uma inédita medalha nos Jogos Pan-Americanos e tirar
o boliche do ostracismo no país. Dois técnicos dos EUA, a meca do
boliche mundial, passaram uma semana no Brasil dando clínica à equipe
brasileira que vai para Santo Domingo. A seleção tem quatro jogadores.
A clínica foi feita no final de abril, em São Paulo, a partir de um
convênio entre Brasil e EUA. Os expositores foram Fred Borden, treinador
da seleção americana, e David Garder, especialista em equipamentos, como
bolas e tipos de pista. Os americanos são franco favoritos ao ouro no
Pan, seguidos por Canadá e México. Brasil, Colômbia e Venezuela correm
por fora. “A clínica acrescentou bastante na preparação dos nossos
atletas. Vamos brigar pelo ouro, mas qualquer medalha já seria um grande
resultado”, reconheceu César Maciel, presidente da Confederação
Brasileira de Boliche.
Dos quatro integrantes da seleção, dois são mineiros: Walter Costa,
de 50 anos, e Jaqueline Costa, de 39, que são casados. Os outros dois são
o paulista Fábio Rezende, de 26 anos, e a brasiliense Luíza Rocha, de
17, representantes da nova geração do boliche no Brasil. No Campeonato
Pan-Americano da modalidade, em 2001, na Argentina, o país foi bronze por
equipe, atrás de EUA e México.
Pela experiência, Walter Costa é a maior esperança de medalha do
Brasil, que participa dos Jogos desde a edição de 91, em Havana. O
esporte, porém, nunca trouxe medalhas. O jogador representou o Brasil nas
Olimpíadas de Seul, em 88, quando o esporte foi disputado em caráter de
exibição. No boliche, as competições são individuais e por equipe.
Paulista é bom de marketing
O paulista Fábio Rezende vai estrear em Jogos Pan-Americanos em
Santo Domingo, mas garante que não vai sentir o peso da
responsabilidade. “Tenho experiência de sobra, porque represento
o Brasil desde os 11 anos. Sou o melhor jogador do Brasil na
atualidade”, garantiu Fábio, formado em Propaganda e Marketing
pela Unip.
A paixão pelo boliche e o talento de Fábio vêm de família.
Seu irmão, Fernando Rezende, já morto, foi campeão mundial
juvenil em 90, nas Filipinas. É no parente que o atleta busca
inspiração para repetir conquistas. No recém disputado
Sul-Americano de clubes de Quito, no Equador, voltou ao Brasil com
seis medalhas (três de ouro) e dois recordes.
O projeto de Fábio é disputar o cobiçado circuito profissional
americano, que dá premiação de até US$ 120 mil ao campeão de
cada etapa. Para isso, precisaria de patrocínio de US$ 3 mil por mês.
Praticantes são 100 milhões
A Confederação Brasileira de Boliche tem 1.800 atletas filiados. Já
a Federação Internacional de Boliche estima que existam 100 milhões de
praticantes, em 80 países.
O boliche é um esporte caro. Uma bola oficial, fabricada nos Estados
Unidos, custa cerca de US$ 200, mais de R$ 500.
Os atletas usarão suas próprias bolas em Santo Domingo.
Cada jogador brasileiro viajará com oito, das quais quatro serão
usadas.
Nos EUA, a indústria do boliche movimenta cerca de US$ 4 bilhões por
ano. No Brasil, não há dados oficiais.
A diferença entre os dois países é grande. No Brasil existem 30
casas de boliche totalmente automatizadas.
Nos EUA, são mais de 6 mil.