Quem algum dia já se aventurou a arriscar
alguns arremessos em uma pista de boliche sabe como é boa a sensação de
conseguir um strike, a jogada mais perfeita desse esporte, em que todos os
dez pinos são derrubados com a primeira bola lançada (cada jogador tem
direito a duas em cada rodada).
Um strike quase todo mundo já fez. Dois seguidos requerem mais sorte. Três,
para os peladeiros, são motivo de glória. Pois, há duas semanas, em
Lima (Peru), a brasiliense Luiza Rocha, de apenas 16 anos, conseguiu oito
strikes seguidos. O feito, obtido na final do Campeonato Sul-Americano,
garantiu à jogadora o título de campeã juvenil.
‘‘Esse título trouxe muita confiança e me mostrou que meu jogo tem
capacidade de vencer grandes eventos. Chegar neste ponto exige muito
treino e dedicação e esse resultado me incentiva a treinar mais vezes
por semana e buscar uma vaga na Seleção Brasileira adulta.’’
Aos 10 anos, Luiza arremessou suas primeiras bolas, na pista do
ParkShopping, acompanhando o pai e, hoje técnico, Hermindo Gonçalves,
que é médico-cirurgião. Já naquele ano ganhou as primeiras medalhas em
competições locais e foi eleita a revelação individual juvenil, com
198 pinos derrubados. Desde então, não parou de conquistar troféus —
só este ano foram cinco títulos: campeã de duplas na Taça São Paulo,
na Taça Belo Horizonte e no Brasileiro (em Salvador) e campeã individual
no Brasileiro Sub-23, além do Sul-Americano.
‘‘Ela tem potencial para ser campeã mundial juvenil’’, vislumbra
Mário Miyamoto, vice-presidente da Federação de Boliche do Distrito
Federal (FBDF). O presidente da entidade, Sérgio Martinelli, concorda.
‘‘Ela era a atleta mais jovem no Sul-Americano e conquistou o título.
Como juvenil, a Luiza vai poder jogar até os 23 anos. Então, as chances
dela chegar a brilhar em um mundial são realmente muito grandes.’’
Em toda a história do boliche brasileiro, apenas três mulheres
conseguiram atingir a marca máxima de 300 pontos, resultado de 12 strikes
seguidos. A carioca Sarah Gutterman, que mora em Brasília há 24 anos,
foi a primeira, em 1997 (as outras foram a carioca Léa Castro e a
paulista Marina Suartz). ‘‘A Luiza é um talento nato e tem tudo para
se tornar uma celebridade quando chegar a competir como adulta’’,
resumiu Sarah.
Até o final do ano, Luiza competirá em São Paulo, em novembro, e em
Minas Gerais, em dezembro. Os dois torneios, adultos, são eliminatórios
para os Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, na República Dominicana,
em 2003.
Em meios aos treinos de boliche, a jogadora ainda encontra tempo para se
dedicar aos estudos. Boa aluna, Luiza, que está terminando o segundo
grau, quer seguir os passos do pai e prestará vestibular para Medicina. |