NOTÍCIAS

14/05/02 - Notícia publicada no

ALESSANDRO LUCCHETTI

Boliche vira missão para craque
Simone Reginaldo

FÁBIO REZENDE sonha com patrocínio após participação nos
Jogos Sul-Americanos

O melhor atleta de boliche do Brasil, Fábio Rezende, acha que faz mais do que derrubar pinos com uma bola. O jogador encara o esporte como missão. Desde que seu irmão, Fernando, morreu em um acidente de carro, em 96, Fábio se encarregou de manter o sobrenome Rezende nas pistas.

O único título mundial conquistado pelo Brasil na modalidade foi obtido por Fernando, em 90, no Mundial Sub-23 das Filipinas. “Quero ser o veículo para o crescimento do esporte, como meu irmão queria ser”.

A batalha é dura. Fábio não tem sequer apoio das companhias aéreas para ficar isento das taxas por excesso de bagagem. “Um jogador precisa carregar no mínimo cinco bolas, e meu dinheiro é curto. Ou viajo praticamente pelado, ou levo material a menos”, lamenta.

Fábio calcula que uma verba de patrocínio de R$ 10 mil seria suficiente. “O esporte tem visibilidade. O site www.boliche.com.br já recebeu mais de 600 mil visitas”.

 

Sul-Americanos são salvação para “excêntricos”

Modalidades que não são levadas a sério se empolgam com a “Olimpíada Sul-Americana”. Dirigentes sonham com patrocínio e menos preconceitos

Recreação? Brincadeira? Hobby? Que ninguém venha com esse papo para cima dos praticantes federados de esportes como boliche, esqui aquático, patinação e golfe. Eles querem ser levados a sério e aguardam com ansiedade a participação nos Jogos Sul-Americanos, que serão disputados em agosto, em quatro sedes brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Curitiba). A meta é divulgar as modalidades e reduzir a carga de preconceitos de que são alvo habitualmente.

Na avaliação do diretor de esqui aquático da Confederação Brasileira dessa modalidade, José Raul Martins Vasconcellos, os Jogos serão uma ótima oportunidade para seduzir patrocinadores. “Essa competição vai ser uma vitrine inédita para nós. Acho muito legal a inclusão de 'excentricidades' como o nosso esporte.”

O público terá a oportunidade conhecer atletas brasileiros que poderiam ser ídolos, caso o grau de obscuridade que encobre suas modalidades não fosse tão grande. É o caso do paulista Fábio Rezende, campeão brasileiro de boliche e segundo colocado no ranking da zona americana. O jogador obteve uma vaga para participar do Grande Mundial, no final do mês, na Dinamarca. Trata-se de um direito concedido aos 24 melhores bolicheiros do planeta, mas o brasileiro não vai poder viajar por falta de recursos. “É frustrante. Só continuo a jogar porque amo o esporte.”

Fábio tem esperanças de que os Jogos possam ajudá-lo a conseguir um patrocínio. “Vai haver uma divulgação maior. Será muito legal participar, porque vai ser uma espécie de Olimpíada do continente.”
 

 

[ ÍNDICE DE NOTÍCIAS ]

[TOPO]