V Torneio Sênior Internacional
Punta Cana, República Dominicana
29 de maio a 7 de junho de 2008

Por Soren Lemche

O Punta Cana Sênior Open foi um sucesso novamente, e espero que esse torneio continue presente no calendário do boliche interamericano, por muito tempo.

Havia três anos a possibilidade de extinguir o torneio porque não havia 48 inscrições, mas o sucesso do ano passado e o sucesso desse ano fizeram com que o torneio sobrevivesse.

Compramos as passagens de forma antecipada e, assim, conseguimos manter o nosso orçamento equilibrado. Afinal não é tão barato assim, mas vale á pena. Associar boliche com lazer e diversão é sempre bom e o custo fica em segundo plano.

Do Brasil se inscreveram Paulo Verly, Décio Abreu, Caco Cruz, Léa Castro e eu.

Acredito que devido à sobreposição de datas, Brasileiro de Clubes/Punta Cana Sênior Open, alguns seniores que gostariam de ter ido, optaram pelo torneio nacional.

Este ano compareceram alguns atletas americanos que merecem destaque. Os habituais;
Brian Brazeau, Ed Roberts, Harry Mickelson, Phil Prieto, Barry Warshafsky, Jace Peterson, Peter Kluska, Doc Daly e Steve Sierra.

Só que esse ano a atração maior era o Robert Purzycki, ganhador do High Roller de fevereiro 2008. O Robert havia ganhado o Super Bowl Roller em 1997 (US$ 100,000.00). A vida dele é super interessante, altos e baixos fizeram com que ele se afastasse do boliche, primeiro o alcoolismo e as drogas e depois um câncer. Quando todos achavam que ele estava definitivamente afastado das pistas, ele surge para ganhar o High Roller. Natural de Texas, onde por muitos anos foi proprietário de um boliche, hoje mora com a irmã em Las Vegas, não bebe, não fuma e por ser diabético recusou tratamento quimioterápico. Para combater a doença, faz uso de medicina alternativa. Como não tem seguro de saúde, não pode operar o tumor. Mesmo assim joga boliche, e como joga!

Outra presença marcante foi a do George White, velho conhecido nosso.

As grandes ausências desse ano foram os casais Hoeffs e Vieira. Ben e Gery, Márcio e Lúcia já tem seus nomes guardados nesse torneio e claro, fizeram falta.

Os squads começaram na segunda-feira, sem maiores surpresas.

Um calor infernal do lado de fora do boliche e um frio doido no interior do boliche. Isso é Punta Cana. 

Os squads de terça-feira é que revelaram algumas surpresas; o Paulo Verly bateu a série da vida dele 976 pinos em 4 partidas, pulando direto para o primeiro lugar da competição. O jantar naquele dia foi muito animado, com o Paulo tirando muita onda.

Décio fez um belo squad naquele dia e conseguiu 900 pinos. O melhor squad do Caco foi digno de nota. 247 na primeira partida, depois foi para o par 15-16 onde bateu 141.

Na mudança de pistas passei por ele e ele disse; agora só duas de 240 para salvar o dia.

Na terceira partida bateu 244 e na ultima bateu 247 ! O problema da pista 18 é que lá o frio é maior e por ficar perto de uma área maior de circulação de ar, inclusive ar que vem de fora, o approach condensa e assim agarra mais na sola. É um par que tem que ser jogado de forma mais lenta. Inclusive porque a pista 17 é bem mais lisa no approach. 

O dia seguinte foi o dia da Léa, obtendo 909 pinos scratch e somando mais 32 de handicap, acabou fazendo 941 pinos no squad. Recorde pessoal e nova comemoração
durante o jantar.

Meu melhor squad foi na terça feira, 789 pinos rodando o boliche com o Caco, assim fiquei em 34.º mas com a chegada de mais competidores fui caindo na tabela e não conseguia me acertar, fazendo 3 squads bem inferiores. Na sexta feira fiz um squad na
“turma dos desesperados” na ultima tentativa de classificar. Novamente caí nas pistas de canto.

Na primeira partida fui mal com 164, mas nas duas seguintes consegui finalmente me acertar, fiz 214 na segunda partida e 224 na terceira partida. Precisava ainda fazer 201 na ultima partida para classificar em 48. º. Quis o destino que a ponte dos fingers quebrasse, desfragmentando totalmente o furo do dedo anular da mão direita.Um ligue nos primeiros dois frames me deram a tranqüilidade para jogar e eu só pensava em executar bem o saque. Até que consegui, tomei 3 pinos 9 sem seguida, fala sério! Ajustei um pouco para a direita o sexto frame me deu um belo strike. A classificação estava praticamente na mão e 9 e spare no sétimo frame fez com que a adrenalina subisse. A pista parou por problemas na máquina e ficamos 15 minutos esperando voltar a funcionar. Fui para o approach e saquei, excesso de capricho e um split ! 6-7-10. Meu coração foi parar no dedão do pé. Fechei o nono frame e teria que fazer ligue no décimo para me classificar. O primeiro foi um strike e na segunda bola o pino 4 teimou em ficar em pé. Só me restou jogar a bola no lixo.

Mas... com mais calma, contabilizei que apesar dos infortúnios, havia feito um bom desempenho, com 3 squads acima de 190 o que me conferiu o 55. º lugar. Bem diferente do ano passado onde meu melhor squad tinha sido de 189 de média. 

O que mais jogou squads foi o Edgar Gomes da Colômbia, realizou 10 dos 12 possíveis, o vice-campeão de squads foi o Robert Purzycki com 9 squads. A persistência do Robert pagou dividendos e com uma série de 267, 278, 223 e 225 ele desbancou o Paulo Verly na melhor série, ficando em primeiro para o corte dos 48.

Sexta de noite jogaram para o corte de 24 e o Brian Brazeau mostrou que estava em forma; 1000 pinos ! Jose Marte, Hilton Nunes e Phil Prieto foram os que fizeram acima de 900 pinos. Os nossos conterrâneos tiveram alguns problemas, mas mesmo assim alcançaram índice para jogarem no sábado de manhã. Paulo ficou em 12. º, o Caco em 20. º, a Lea em 21. º. e o Décio em 24.º.

Sábado de manhã foi outra história e agora o corte seria de 8. Dos 24 competidores, sobrariam apenas 8.

Quem surpreendeu dessa vez foi o Jace Petterson com 1001 pinos, fazendo assim a maior série do torneio. Esta série lhe deu o segundo lugar, 102 pinos atrás do Brian Brazeau. O Brian fez a segunda maior série com 960 pinos.

Os oito finalistas eram; Brian Brazeau, Jace Petterson, Robert Purzycki, Harry Mickelson, Ed Roberts, Phil Prieto, Edgar Gomes e Hilton Nunes. Estes dois últimos eram os únicos não-americanos nas finais. Hilton sendo o campeão do ano passado

O Barry Warshafsky estava inconformado porque perdeu a vaga na final por um spare.
Mais feliz estava o Phil Prieto (El Paso, Texas) porque no ano passado ele havia ficado de fora por menos que 10 pinos. A “esquadra brasileira” terminou com a Léa em 19. º, o Paulo em 20. º, o Décio em 21. º e o Caco em 23. º. 

As partidas Brian Brazeau x Hilton Nunes, Jace Petterson x Edgar Gomes, Robert Purzycki x Phil Prieto e Ed Roberts x Harry Mickelson foram acompanhados de perto por nós, e cada um escolheu um par de pistas para torcer pelos seus favoritos.

Hilton Nunes perdeu para o Brian Brazeau numa partida altamente previsível. O Ed Roberts não teve nenhum problema em derrotar o Mickelson. As surpresas ficaram por conta das partidas do Robert x Phil e Edgar x Jace. O Robert estava com dificuldades nos primeiros frames da primeira partida e no 5. º frame caiu no approach. Queda feia para quem tem câncer e metástases ósseas. Com dois frames abertos e um foot foul, o 
Robert engrenou a máquina de strikes e fez 5 seguidos, porém foi castigado com um 1001 no décimo frame. A Segunda partida ele começou com outro 1001, de bola encaixada ! O Phil, diga se de passagem, fazia strike de qualquer maneira, e no 5. º frame estava de quina-ligue. Phil fechou a série com 235 á 205 e seguiu para a semifinal.

Jace Petterson estava confiante com os 1001 pinos obtidos mais cedo e acho que não prestou atenção. O Edgar Gomes estava focadíssimo e com uma constância ímpar mandou 259 á 246 e 195 á 160 eliminando o Jace.

As semifinais foram disputadas entre Ed Roberts e Brian Brazeau e Phil e Edgar Gomes. Em termos de técnica e boliche a semifinal entre Ed Roberts e Brian Brazeau foi uma aula. As alternâncias no placar as três partidas foram decididas á partir do 8. º frame. Sendo que o Ed Roberts foi mais feliz nos arremessos finais. A outra semifinal foi também emocionante onde Phil Prieto se desconcentrou na primeira partida e foi dominado pelo Edgar Gomes. Phil recuperou a concentração na segunda partida e empatou a disputa. Na ultima partida o Phil estava à mil e fez 9 strikes seguidos, e por pouco não fez o que seria o único 300 do torneio. Edgar bem que tentou acompanhar, mas fechou em 222 contra os 279 do Phil.

Ed Roberts atropelou o Phil na final, e não tomou conhecimento do adversário. A verdade é que o Phil já entrara dominado nessas partidas e acho que ele atingira o ápice na semifinal. Soube depois que Phil, Ed e Brian haviam dividido o prêmio irmanamente entre eles.

Impressões finais: ol torneio é um barato, conviver com algumas feras do circuito amador americano e caribenho é um belo aprendizado. O susto que o Paulo Verly deu na turma ao emplacar 976 pinos de série foi sensacional. A série da Léa foi outro ponto alto do torneio. Mas ver o approach do Brian Brazeau, ter visto o Robert Purziky jogar já valeu o gasto.

Outro ponto legal do torneio é que descobrimos que alguns atletas americanos se uniram e fazem um trabalho social em escolas públicas em Punta Cana. Levam material escolar dos EUA e o distribuem nestas escolas. Barry Warshafsky e a esposa dele estão á frente deste projeto. George White foi junto e também contribui. Sei que há novas adesões e ano que vem a ajuda será bem mais substancial.

[ OUTROS ARTIGOS ]

[ TOPO ]