Na linha da falta -
o saque
por Márcio Vieira
Este
título de artigo, meio parecido com um filme de Stallone, tem a mesma
finalidade:
- Chamar a atenção para o assunto, no caso específico, o
momento de entrega da bola pelo jogador de boliche.
A finalidade do “approach” e sua maior necessidade é alcançar uma
boa posição para a realização do saque da bola. Uma evidência óbvia
disso podemos observar ao longo dos anos conferindo revistas antigas de
boliche.
Não importa o tipo de jogador, sexo, altura, etc – 99% das
fotos de um jogador sacando a bola na linha de falta mostrarão a bola
passando perto do tornozelo no momento final do arremesso. Já a postura
do corpo do atleta, se repararmos bem, varia bastante para manutenção do
equilíbrio (“balance”).
Atingir o ponto do saque (“release”) com a bola próxima do tornozelo
não é absolutamente um movimento natural. Muitas vezes ao chegarmos num
boliche vemos várias pessoas do público iniciando seu “approach” com
um “timing” bastante razoável mas nunca chegando bem ao ponto do
saque.
Mesmo no ranking nacional muitos atletas não conseguem completar o
approach com uma boa posição no arremesso: o pêndulo tem que ser
abaixado através uma pequena inclinação do peito e dobrando-se o
joelho, enquanto a lateral do quadril e a perna saem da frente, com os
ombros alinhados para a seta e o braço oposto usado para balancear o
corpo. UFA!
ABAIXAR O SUFICIENTE
Uma pessoa em pé com os braços posicionados naturalmente na lateral do
corpo apresentará suas mãos entre o quadril e os joelhos (alguns como
eu mais perto dos joelhos, como brincaria o Juliano). Uma vez que para
sacar a bola devemos estar a alguns centímetros da pista, obviamente
temos que nos abaixar de algum modo para chegar ali.
Dobrar bem o joelho da perna que desliza é a melhor maneira de trazer
para baixo o pêndulo. Uma leve inclinação da cabeça e tronco para
frente também ajuda. Alguns atletas conseguem alcançar uma boa posição
de altura da bola para o saque somente dobrando bastante o joelho,
mantendo o corpo bem ereto. Aqui no Brasil o Fábio Rezende é o maior
exemplo disto. A maior vantagem desta posição é colocar o peso do corpo
totalmente atrás da bola no momento do saque. Uma perna bem dobrada
fornece uma plataforma forte e estável para completar o arremesso.
Obviamente esta não é uma posição fácil de conseguir, principalmente
com o passar dos anos quando a inclinação do corpo é mais necessária.
Aqui no entanto, ATENÇÃO! Abaixar a cabeça para atingir a pista mais
que o necessário traz sérias conseqüências. Mais que 30° já trará
outros problemas como ficar com a mão acima da bola, etc.
POSIÇÃO DE PODER
Juntamente com a necessidade de trazer a bola bem próxima à pista em
altura, é também essencial que a bola passe o mais perto possível do
tornozelo.
Como já mencionei anteriormente, o atleta tem que tirar o
quadril e a perna da frente. Muitos jogadores não conseguem fazer isto
facilmente e o mais fácil para estes é abril o braço. É impossível
ter um bom saque deste modo!
Haverá muita perda de poder pois fatalmente
o jogador usará muitos músculos do braço para girar a bola (não
deixando o pêndulo livre) e mesmo que tente, dificilmente deixará de ter
o polegar apontado para baixo ainda dentro da bola, o que o impedirá de
“dar dedos”. Se você em algum momento já acertou o tornozelo com a
bola (claro que já ), provavelmente esta foi uma época em que você
estava jogando bem.
O BRAÇO OPOSTO
O braço oposto ao do arremesso tem duas funções durante o approach. A
primeira é ajudar a segurar a bola enquanto você está parado. A segunda
é fornecer um contrapeso quando o jogador arremessa a bola.
A menos que
você tenha problemas de equilíbrio, não preste muita atenção no braço
oposto. No entanto é muito importante não fazer movimentos bruscos com o
mesmo e principalmente mantê-lo a altura dos ombros.
Alguns jogadores tem
a tendência de levantá-lo acima da cabeça o que causa a queda do braço
que carrega a bola e uma reduzida influência de seu principal papel que
é equilibrar o corpo.
OS OMBROS
No ponto de largada da bola só há uma posição para os ombros :
alinhados com o quadril e de frente para a seta que você vai usar.
A maioria dos profissionais e alguns de nossos novos atletas usa a técnica
de abrir o ombro durante a caminhada do approach e trazê-lo de volta no
momento do saque, como se fosse uma porta abrindo e fechando. Juliano e
Juninho são exemplos nacionais dessa técnica.
Não acredito que devamos
iniciar o ensino de novatos com esta técnica, mas seria um crime inibir
os que já começam assim. De qualquer modo este movimente acrescenta
bastante poder, um pouco a custa de perda de pontaria, não impedindo,
repito eu, que os ombros estejam alinhados na largada da bola.
CABEÇA E OLHOS
Um dos maiores profissionais de todos os tempos, Marshall Holman, dizia
que um grande jogador deveria poder carregar um copo d’água na cabeça
sem entorná-lo, para enfatizar que esta não deve se mover durante o
approach.
Não é uma coisa fácil pois todo o resto do corpo está em
movimento e é bastante comum o jogador “perder a seta” durante a
caminhada, muitas vezes não sabendo nem onde a bola passou.
Com relação aos olhos sugiro que o atleta só dirija a sua atenção e
foco à mesma quando estiver pronto para o início do movimento. Muitas
vezes durante a preparação para jogar, o jogador se fixa na seta muito
cedo, alguém de uma pista lateral inicia o movimento, o atleta se
distrai, começa o approach e a pontaria já está perdida.
CONCLUSÃO
Volto a repetir aqui o que sempre me dizia o grande jogador Alfonso
Rodriguez: “Capriche no approach pois você só joga enquanto a bola
está em sua mão”.
Até a próxima ...
Márcio Vieira
vieira@globo.com