Quem você pensa que é?
  por Márcio Vieira

Estou no fim do 2º dia do Brasileiro de Clubes (DF 2001) e um amigo meu desde o Sul Americano aqui mesmo no DF em 96, o Roberto Lanna, após uma série de mais de 1300 e ascensão ao lugar no all events vira-se pra mim e diz: 
- “É, deu zebra”

Obviamente não concordei e tentei mostrar-lhe com calma e por ter muito tempo de pista, que vários fatores contribuíram para isto até o momento. Mas o principal ponto que lhe frisei é que jamais repetisse esta frase a seu respeito. 

O quanto você é bom? Pense nisso, pois a resposta que você der vai definitivamente influenciar nos seus próximos resultados de boliche, muito mais do que você pensa. A maioria de nós pensa que nossa média é reflexo direto de nossas qualidades técnicas. Na verdade, quando erramos um simples “spare”, temos uma linha ruim ou abrimos um frame depois de 6 strikes seguidos, estamos simplesmente sucumbindo à imagem que temos de nós próprios. 

Cada um de nós tem o que se chama de auto-imagem. Isto inclui desde conceitos estéticos, morais até em referência ao esporte se você é um campeão, em eterno vice-campeão ou um mero participante de torneios. Esta imagem vai automaticamente ditar seus hábitos de treinos, estilo ao competir ou previsões de quão bom você pode ser. 

Seus pensamentos automáticos e expectativas são parte do que chamamos sua “zona de conforto”. Você tem que ficar atento em como controla suas crescidas ou caídas em boliche sem ao menos se dar conta disto. Como grandes partidas são muitas vezes seguidas de más partidas, quando em muitas vezes as condições de jogo proporcionam partidas até maiores. 

Quantas vezes vimos atletas jogar 240’s , 250’s e em seguida jogar um 130, 140? Quantas vezes um jogador vem com uma série perfeita , isto é ,com bons jogos e entrega tudo no último jogo da série? 

Na realidade a questão real aqui, depois de se atingir um certo nível técnico, é o quanto esta você preparado psicologicamente para um torneio. Muitas vezes temos que tomar riscos e sair da tal “zona de conforto”. Você as vezes chega em torneios depois de treinar numa certa seta durante semanas na sua cidade e tenta “forçar” a região de jogo para a que você esta acostumado.

Com a nova máquina de “gel” que proporciona uma melhor limpeza e padronização das pistas, pudemos observar um aumento significativo nas médias. Será que a região da pista que você usa para treinar e aquela sua “bola de fé” com que arrebenta nos treinos vai estar na melhor linha de jogo? Nem sempre. 

È chegada a hora de tomar riscos! O que isto significa? Basicamente, faça uma sincera auto-análise das virtudes e defeitos que tem e projete uma média a ser alcançada maior do que será razoável esperar. Isto não é loucura, é uma das melhores maneiras de se manter focalizado num torneio, dia após dia, linha após linha, frame após frame. 

Ao treinar, não insista somente naquilo que você é bom e domina. Mude o ângulo de jogo, fure novas bolas, não se pressione com baixas médias à vista no monitor. Não dê satisfação a ninguém! Treino é treino. Logicamente você tem que estar preparado para alguns baixos “scores” à mostra, mas sua versatilidade vai aumentar.Quando falei em “zona de conforto”, obviamente prevê-se uma “zona de desconforto”, seja na execução do jogo ou no rebote mental de má pontuação e execução. 

Refaça, portanto sua auto-imagem, você precisa acreditar em novos limites, maiores partidas, maiores médias. Prepare-se com mais leitura, prática e técnica. Você vai se surpreender com o resultado, mas também não precisa mascarar! 

Márcio Vieira
vieira@globo.com

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