Dominando a "coroa"
  por Márcio Vieira

Independentemente das brincadeiras de dupla interpretação que o título da matéria nos fornece, o assunto é mesmo como se alinhar nas pistas durante um bloco de partidas, 6 geralmente, em um torneio de boliche. 

Com freqüência vejo jogadores muito mal posicionados com relação à linha de tiro quando o óleo começa a se desgastar na cabeceira das pistas, à medida que as partidas são jogadas. È muito comum no início do dia, ou melhor, de cada turno, jogadores fazerem partidas altíssimas para depois caírem de média. Em outros artigos falei que um dos motivos é o "jogo defensivo", em que o atleta fica tentando apenas não jogar mal e não tentando fazer strikes. Hoje, em função dos óleos em "coroa" que vêem sendo aplicados no Brasil, o grande motivo é a má leitura de pistas ao longo do dia. 

No início, o óleo tem o desenho transversal da figura 1, da linha de falta até 15 pés ou 25/30 pés, dependendo da distância em que o óleo é rebatido. Vamos chamar esta parte que tem mais óleo de "degrau do óleo". Este degrau é desenhado para dar aos jogadores uma área para a bola patinar na cabeceira antes de entrar na zona de arremate (break point), mesmo que ele tenha que se deslocar para restabelecer a reação da bola.  
 
FIGURA 1 

A chave para usar bem a cabeceira é "seguir" o degrau, que diminui e se desloca para a esquerda lentamente. Estou falando basicamente para os destros já que o tráfego de bolas é obviamente mais intenso. 

Se você não se realinha seguindo o degrau, você acaba perdendo duas coisas essenciais para a prática do jogo: margem de erro de pontaria na seta e perda de energia da bola que começa a rolar mais cedo. 

Com relação a pontaria, você perde o óleo a esquerda e quando errar o tiro para dentro, a bola vai lhe deixar um baby-split ou maior (4-6). Isto a maioria dos jogadores do Brasil percebe, pois os pinos mostram rapidamente. Já com relação a perda de energia, muitos se enganam. A bola que rola mais cedo na área que seca, convida muitos jogadores a fazer um grande arco. Então vários atletas que tem uma trajetória de bola mais simples, quase reta, aceita o convite da pista e pensam em se transformar num Mário Alvarenga ou num Rodrigo Hermes. A bola começa a bater mais fraca, uma vez que rola muito e deixa vários pinos 10 ou 7 "fracos". Aí o jogador tenta jogar mais forte e os pinos 4 aparecem. 

Mover para a esquerda (figura 2) com bolas mais porosas e agressivas ou um pouco menos com bolas mais polidas é o que o atleta deve fazer, abrindo mão do "big-hook", o curvão, e conseguindo mais strikes. 
 
FIGURA 2 

Afinal, o que conta no fim é a pontuação, lembre-se, boliche não é Ginástica Rítmica ou Salto Ornamental, o prêmio é para o QUANTO e não COMO! 
 
P.S - Bem que eu gostaria de jogar como os moleques!

Márcio Vieira
vieira@globo.com

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