O boliche e o profissionalismo!

Se alguém estava esperando que este artigo fosse sobre PBA ou coisa parecida... A cigana mentiu pra ele! Vou falar sobre administração profissional no Boliche.

Venho acompanhando uma troca de opiniões entre Suzi Azevedo e Ademir Medina no blog Bolichear do Bira Teodoro. Essa conversa é a respeito do Campeonato Brasileiro de Clubes que será realizado o mês que vem em São Paulo.

E adivinhem... Essa era a bola pingando no meio da área que eu estava esperando! Se vocês tiveram a oportunidade e a paciência de ler os dois artigos anteriores. Eram para justamente entrar neste assunto!

Continuando com o descritivo a respeito do mundo boliche. Depois de falar sobre o esporte e o jogador, finalmente chegamos às ENTIDADES e aos DIRIGENTES.

Como em qualquer outro esporte o Boliche tem uma Confederação formada por Federações Estaduais que são formadas por Clubes que são formados por atletas. Na maioria dos esportes a sequencia é a mesma, com uma pequena/grande diferença, os clubes são grandes clubes esportivos reconhecidos. No boliche um clube, é uma associação de jogadores que na maioria das vezes não conta nem com as formalidades legais ou estão se constituído formalmente, muitas vezes não esta em dia com suas obrigações fiscais etc.

O mesmo acontece com as Federações Estaduais que normalmente são herdadas com irregularidades de todo tipo. Em São Paulo desde que eu jogo boliche como federado (80’s), sinceramente não me lembro de que a Federação estivesse totalmente em ordem.

A pergunta do milhão é: Como podemos crescer e receber apoio se tudo está organizado como um agrupamento desordenado? E a outra pergunta é: Toda uma bagunça, por quê? Simples... Falta de profissionalismo!

Alguns causos:

Ha alguns anos atrás na Federação do Rio de Janeiro não me recordo bem quem era o presidente, mas  lembro sim,  que Tininha Muellas  era tesoureira e naquela época a Federação recebia da Prefeitura do Rio um bom dinheiro como apoio ao Boliche algo assim entre R$ 20.000,00 a 40.000,00. Como eles conseguiram? Com trabalho!... Alguém teve a paciência e o trabalho de ir buscar o dinheiro. Quase com certeza posso afirmar que a maioria das Prefeituras e Governos Estaduais tem verbas para as federações filiadas, reconhecidas e que estão com suas contas em ordem.

Sei também de outro causo de uma federação que tinha esse apoio quase do mesmo tamanho, mas que infelizmente a verba era usada para beneficio do presidente da federação... Uma pena! Mas, nada raro neste país!

De qualquer forma para aqueles que não sabem, dinheiro tem, se há organização e trabalho.

Então neste ponto nos voltamos para os DIRIGENTES do boliche no Brasil. Quem são eles? Como chegaram ali?

Num sistema tão desorganizado, na maioria das vezes chegam à presidência das federações pessoas que aceitam ser, não porque realmente desejam, mas porque não tem mais ninguém que queira. E lamentavelmente muitos daqueles que querem não tem a menor ideia do que é ser dirigente esportivo. Não basta ter só boa vontade tem que ter conhecimento e dedicação. O inferno também esta cheio de bem intencionados!

Então voltamos  para as origens de como surgem os jogadores de boliche. Bem, na verdade acho que deveríamos voltar para as origens do ser humano. Se não estão no governo são oposição e criticam apontando os erros dos que estão no poder. Uma vez no poder são todos iguais, são engolidos pelo sistema.  Cometem os mesmos erros e às vezes até piores.

No boliche é a mesma coisa. Um ambiente onde predomina a individualidade, sempre estaremos nos deparando com gente que só pensa nele, seus familiares e amigos.

A maioria dos presidentes de federação é profissional que ainda esta na ativa em seus negócios ou empresas onde trabalham e que não tem tempo nem conhecimento para dedicar ao esporte. Sair por ai tentando conseguir apoio ou verbas das entidades oficiais exige dedicação e tempo para estudar as leis de incentivo ao esporte etc.

Ser bom dirigente é ser um bom administrador. Um bom administrador não tem que regular as maquinas da indústria ou se ocupar deste ou daquele empregado chegando tarde etc. ser bom administrador é ter as pessoas certas nos lugares certos.

Se compararmos o boliche com uma empresa, seria a única empresa onde qualquer funcionário se atribui o direito de interpelar o presidente num corredor, exigindo que lubrifiquem a maldita maquina que ele usa para trabalhar. Passando por cima do supervisor, gerente e diretor da empresa. Esse é o boliche!

Antes de buscar apoio econômico e respeito do esporte... O boliche deve ser respeitado primeiramente pelos seus PRATICANTES!!!

O presidente da confederação ou federação não deve estar se preocupando com tipo de condicionamento de pistas ou um regulamento para um campeonato. Para isso deve ter um diretor técnico! Não deve estar respondendo correio eletrônicos ou comentários  malcriados desferidos em sites ou blogs por jogadores que deveriam estar se reportando aos diretores técnicos de seus clubes. São através de diretorias técnicas que devem ser resolvidas essas bobagens corriqueiras. Se o jogador quer respeito... Respeite primeiro a hierarquia!

Um presidente de confederação ou federação deve se ocupar de onde e como conseguir recursos. Colocar sua diretoria técnica para elaborar planos de ações para melhoria técnica, formação de técnicos e escolas de boliche. Criar uma diretoria para divulgação do esporte com os meios de comunicação e um departamento para divulgação do esporte nas escolas. São das escolas onde sairão os futuros atletas para o esporte.

E se esse presidente não souber ou não tiver tempo para fazer isso... Contrate alguém que o faça! Tem um monte de administrador bom procurando emprego. De onde sai o dinheiro? Do estado!... Organize sua federação e clube e busque o dinheiro onde esta!  Se não tem dinheiro para organizar a sua federação fale com seus atletas através dos clubes... Se os atletas realmente amam o boliche como dizem, não se importarão em dar uma contribuição equivalente ao tanto que gastam em cerveja em “um dia de campeonato”. Isso sim é um montão de dinheiro!

Muitos devem estar pensando e os patrocínios? Trabalhei muito tempo em televisão e fui dono de agencia de publicidade e o que posso dizer pra vocês é que para conseguir patrocínio primeiro temos que ter um produto de sucesso. Patrocínio se mede pela quantidade de impactos, quanta gente eu consigo atingir com o investimento? Essa será a primeira pergunta de um diretor de marketing!  Quem vai querer investir num esporte que tem 500 praticantes no país e que ninguém sabe que é esporte? Tudo o que se pode conseguir na atual circunstância do boliche brasileiro eu considero favor, para não dizer esmola!

Profissionalismo é a palavra... Devemos buscar profissionais que sejam remunerados para que façam um trabalho bem feito. E como toda empresa se o cara não funcionar... Próximo!

Não faz muito tempo o meu amigo Bira Teodoro publicou um projeto de administração profissional para o boliche. Gostaria de saber quantos presidentes de federação entraram em contato com ele para pedir maiores explicações ou orientação sobre o projeto.

Se o boliche quer crescer e quer respeito. Primeiro deve ser respeitado pela sua comunidade e segundo buscar o profissionalismo!

Benê Villa

maio/2012

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